Original Vs Adaptado, Livro vs Filme: Um é mesmo ‘melhor’ que o outro?

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     Original Vs Adaptado, Livro vs Filme: Um é mesmo ‘melhor’ que o outro?

Como o Imaginário Coletivo e Saudosismo influenciam nossa percepção de ‘melhor’?

     Vocês já menosprezaram alguma adaptação? E gostar, já caíram de amores por alguma? Confesso que já experienciei ambas as situações, e creio que estamos fadados a sentir ‘agrado ou desagrado’, em maior ou menor grau, em relação a qualquer conteúdo aos quais não somos totalmente indiferentes. Mas, em geral, incomoda-me uma frequente constante dicotomia de que; para que um seja elevado o outro tem que, por regra, ser degradado. 

 

    Escolher o melhor é também sugerir, implicitamente, que há um pior. E há quase uma necessidade, em grupos de fãs e até na crítica especializada, em rebaixar o conteúdo adaptado a um status de indignidade.

 

    Não procuro aqui dizer se isto está certo ou não, até porque seria uma hipocrisia; Muitas vezes já me coloquei nesse lugar de achar a adaptação indigna (quem nunca? Conte-me se você nunca sentiu isso na vida!), inclusive vou contar umas histórias minhas em relação a isso (uma experiencia negativa e outra positiva com adaptação, talvez alguém dê risada ou se identifique, espero).

 

    Obviamente que todo fã terá seus conteúdos favoritos e menos favoritos, e temos o direito de tecer críticas sobre o conteúdo que consumimos. Eu, majoritariamente, falo ‘prefiro o original’, sem achar que isto ofende adaptações e derivados; afinal tal frase apenas elenca uma preferencia pessoal (ou não?).

 

    Porém, quando vejo sentimentos muito hostis, visando a degradação, direcionados a adaptações e derivados, sejam meus próprios pensamentos ou de outros fãs e críticos, tal reação extrapolada tende a me causar preocupação e desconforto. Até porque, muitas dessas opiniões hostis vem conjunto a comentários agressivos, visando não uma crítica negativa construtiva mais sim uma violência verbal e tentativa de deslegitimar o outro e/ou o conteúdo que desagradou.

 

    E para quê? Sendo melhor que o outro, ou não, fato é que tais conteúdos costumam ser mero entretenimento para quem os consome, logo, que tipo de ENTRETENIMENTO é este que destila ódio?


     Tanto na idolatria quanto no hater a um regozijo não na mera expressão da opinião (em relação ao que é amado ou odiado), mas sim no encontro de outros que valide tal opinião. Cria-se grandes massas de pessoas, pra ou idolatrar ou odiar, cercadas por outras que pensam tal qual elas, e quando não pensa igual, há então a hostilização ou deslegitimação de quem pensa diferente.

 

 Fiz uma matéria sobre "Como lidar com Original versus Adaptado" bem AQUI


  O objetivo não é mais entretenimento, nestes casos. É uma utilização do entretenimento para outro fim, pode ter certeza. Tudo bem não gostar de algo e criticar, tudo bem gostar e querer expor esse amor. Mas daí partir pra ignorância em relação a opiniões divergentes da nossa?? É no mínimo falta de respeito. Uma coisa é um diálogo onde duas pessoas estão expondo seus pontos de vista diferentes, outra coisa é duas pessoas destilando palavras ofensivas uma para outra.


   Oque eu recebi de uns fãs ofendendo "você é louca", "você não leu o livro, por isso", "você não é fã de verdade", (etc...). Pessoas que acham que atacar o outro é opinião. Normalizaram tachar o outro com palavras "inferiorizantes" ou num tom de "deslegitimação da opinião" como se isso fosse "opinião", só que não. Pode ver, quando a pessoa não tem argumentos ou não sabe respeitar opiniões diferentes da dela, logo partem pra essa "estratégia". A mesma coisa com originais e adaptações, tudo bem gostar ou não, mas se tornar um idólatra que não pode ser contrariado em relação ao alvo de seu "amor", ou então tornar-se hater e atacar e deslegitimar tudo e qualquer pessoa/conteúdo que seja alvo desse ódio? É o cúmulo do fanatismo.

 

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Quem nunca se deparou com o duelo cruel: Livro vs Filme?

 

    E parando para refletir: Será que essa preferencia pelo original tem alguma explicação? E será mesmo que o original é melhor? Sob quais perspectivas fazemos tal julgamento? Por quê? De onde vem esse argumento de que adaptações são ilegitimas frente ao original? De onde vem essa conotação negativista em usar termos que degradam o conteúdo adaptado e derivados como fossem uma deturpação ou violação do original via de regra? Fiz-me esses questionamentos. 

 

 É disto que essa matéria trata. Curioso? Vem comigo!

    Um pouco de Direitos Autorais e Domínio Público

     Não tem como não falar desse assunto sem citar Copyright, sim, o famoso “direito autoral”. Isto porque frequentemente escuto a seguinte desaprovação: Por que não apostam em conteúdos novos e originais para filmes e séries, ao invés de adaptar de forma medíocre isso que eu tanto amo no material original?”. 

 

    Temos de concordar que há interesse comercial em adaptar-se conteúdos que já trouxeram grande resultados financeiros no formato original, pois são negócios mais rentáveis: Não podemos negar que muitas das empresas que se engajam em adaptar conteúdo não tem pretensões de criar o próprio material do zero, preferindo apostar tempo em adquirir Copyright e usar o material de acordo com a própria vontade e benefícios, visando principalmente mais lucro. 

 É como diz o ditado: “Malhar o ferro enquanto ainda está quente”.

 

    Porém é descabido chamar isso de “apropriação indevida” por parte das empresas, como já vi muitos fãs e até autores fazerem. Por quê? Pois se o conteúdo esta sendo adaptado é porque (1) o Copyright foi cedido para adaptação por seus detentores ou (2) a obra está em domínio público.

 

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O "famoso" 'Todos os Direitos de cópia reservados'

 

    Sobre o Item (1): Quanto ao primeiro, não raro vemos os próprios autores da obra original, ou seus herdeiros, reclamarem de alguma adaptação de seu conteúdo que não agradou e lhes rendeu dores de cabeça; porém é vexatório que os mesmos não se dignem a recordar que foi realizado um acordo entre ambas as partes. 

 

    Logo, é uma postura vitimista e tendenciosa dizer ao fãs e a mídia que “as grandes corporações malvadas se aproveitaram do meu material de forma comercialmente nefasta”

 

    Ora essa, obviamente que as empresas compraram o Copyright com fins de ampla utilização comercial e visando lucro próprio, e como tais, irão querer monopolizar o que compraram legalmente na tentativa de tornar mais proveitoso possível pra elas mesmas, seja da forma que for. Vai me dizer que quem vendeu/cedeu a sua obra original para uma grande empresa não sabia disto?

 

    Idealmente seria excelente que o autor original e a empresa que adquiriu os ‘direitos de uso’ crescessem e lucrassem juntas em boa convivência e respeito mútuo, mas é preciso entender que nem todas as corporações desejam isto. Logo, ninguém é obrigado a fechar contrato. Certo?

 

    Posso me compadecer, um pouco, de autores que em sua ânsia de ver seu conteúdo render frutos (e não só no âmbito financeiro) cedem a acordos com empresas de índole duvidosa, gananciosas e não muito corteses com os referidos autores. (...)

 

    (…) Mas não dá para negar que tais autores se precipitaram. Correto? É uma lastima e realmente trágico que empresas se aproveitem disto. Mas temos de admitir que ambas as partes agiram de forma inadequada. Uma está errada por fechar acordo de maneira imprudente, sem compreensão e avaliação completa e minuciosa do que esta assinando e consequências disso hoje e para o futuro, e a outra está errada por se aproveitar disto (eu sei que muitas empresas, que dizem financiar o sonho do autor, acabam por praticamente fazê-lo renunciar de muito e por à disposição das empresas grande parte do privilegio de usufruir da obra e dos lucros).

 

    Mas se há choro agora da parte dos autores ou herdeiros do material original, é porque se cedeu os Copyright sem mensurar as consequências desses futuros “inconvenientes”, foram ingénuos frente ao comportamento predatório de grandes empresas. E infelizmente não procuraram se resguardar consultando alguém que entendesse do assunto, antes de fechar negócio. 

 

    Na maior parte dos casos, as empresas e corporações não estão fazendo nada fora do que foi acordado, do contrário já teriam sofrido ações penais. É aquele ditado: “o combinado não sai caro”.

 

    Pois bem, não me sujeito a penalizar empresas e corporações por terem adquirido legalmente Copyright. O choro é livre para autores e herdeiros! Cedeu? Vendeu? Fez o acordo; se não foi o acordo dos sonhos não dá para se fazer de vitima incompreendida depois

 

    É comum ver disputas e brigas emblemáticas envolvendo os herdeiros (filhos, netos, bisnetos, e tataranétos) dos autores, cujos Copyright foram cedidos antes de nascerem. Um lado querendo tomar parte no conteúdo que é legado da família, outro lado defendendo sua compra outrora legalmente estabelecida.

 

    Ora, mas se as grandes corporações ainda detém o ‘direito de uso do material’ depois de tanto tempo, assim foi acordado e/ou é amparado por leis. É uma azar das gerações vindouras dos referidos autores se o contrato não os contempla como desejam. Mas é realmente triste quando tais incitam os fãs ou a mídia a atacar as adaptações e derivados.

 

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"Famoso" 'pertence ao público'. Mas como assim?

     Sobre o Item (2): O Domínio Público ocorre quando não se confere mais aos herdeiros o direito de usufruir de quaisquer benefícios patrimoniais resultantes da exploração de criações de seu parente/autor já falecido. Significa que o prazo de proteção aos direitos excedeu, assim sendo não é mais dono exclusivo do património.  

 

    Isto é, não há mais restrição de uso em relação a obra, e qualquer um que queira poderá utilizá-la, reproduzi-la, distribuí-la, traduzi-la, publica-la ou adapta-la sem a necessidade de autorização, sem pagar ou negociar nada com os herdeiros e/ou outros que eram até então donos do Copyright.

 

    Logo, o domínio da obra é do público que consome (bem como das empresas que quiserem fazer utilização disso), não mais dos herdeiros dos autores. Intelectualmente falando, a obra sempre pertencerá ao referido autor, mas a utilização dela é livre para qualquer um usar e usufruir como bem queira, não sendo mais uma propriedade exclusiva dos seus respetivos donos; autores e herdeiros. 

 

    É valido pressupor que qualquer obra, hoje muito famosa, um dia cairá em Domino Público. Pois todas as obras estão sujeitas ao tempo! 

 

    Obras que AINDA tem grande apelo ao público, mesmo transcorridos muitos anos e que agora estão em domínio público, podem ser chamadas por um nome: Atemporais.

    Qual o papel da (A)temporalidade nas obras? Já parou para notar?

É aqui que a questão de Original versus Adaptado se explica!

     Uma obra atemporal é aquela que não se restringe ao tempo em que foi escrita. Qualquer pessoa em qualquer tempo poderá se identificar com as questões ali levantadas, pois o conteúdo ali presente se adéqua a qualquer tempo. (...)

 

    (…) Mas o nosso erro é pensar que se adéqua da mesma maneira, sob as mesmas luzes, enfases, problematizações e convicções. Pelo contrário: uma obra do século XVI, por exemplo, não é lida e compreendida hoje da mesma maneira que era outrora. 

 

    Isto mostra que o tempo tem um forte papel interdiscursivo em cima das obras, ou seja, não se tem uma compreensão e argumentação intuitiva acerca das obras, mas sim um contexto condicionado a circunstâncias históricas, sociológicas, políticas, culturais e subjetivas, que evocam compreensão e argumentação diversa sobre o mesmo assunto, a depender de cada época. 

 

    Isso possibilita dinamismo na forma como tais obras serão recebidas, visto que não existe mensagem precisa e indubitável, o que existe são pessoas que interpretam a mensagem, a partir de múltiplos fatores condicionantes. Assim, a obra é datada, mas seu conteúdo percebido e forma de entendê-lo é vivo e múltiplo em interpretação e significados.

 

    Então façamos uma experiencia prática, para compreender: Sabe aquelas esculturas gregas [e romanas]? Você está olhando para oque elas representam hoje para nós! Você sabia que elas eram coloridas?

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Qual prefere: colorida ou sem cor?

    Então vejamos; A escultura é atemporal, a forma de olhar para ela e motivos para admirá-la é que mudou, é diferente, variou desde a época que foram feitas. Estamos olhando para uma obra datada, marcada pelo tempo, e estamos admirando-a pelo que é agora, não pelo que era originalmente em sua criação. 

 Não se assuste: Mas é assim é com QUALQUER obra.

 

    O conteúdo jamais pode se manter 100% fidedigno ao original, pois a forma de olhar e pensar sobre ele muda ao decorrer das épocas, porque isso é inerente; As épocas não estagnam, as sociedades e formas de se pensar o mundo e oque existe nele está em frequente mudança. 

 

    Assim, apenas uma parte do conteúdo mantêm-se fiel à sua maneira, enquanto a outra se dispersa em possibilidades esparsas. Por isso um Mito ou Lenda comumente tem mais de uma versão, já reparou? A cada vez que é contado, se transmuta!

 

    E é aqui que precisamos assumir que discussões sobre Original vs Adaptado vai muito além de fidelidade ao original ou não.

 

    Obvio que quando estamos falando de uma obra que não é tão velha assim, como as esculturas gregas, quando falamos de obras recentes, com menos de 100 aninhos de idade, obras que sequer caíram em domínio público, fica mais difícil contemplar que as adaptações e derivados em geral não visam fidelidade ao original. O que visam então?

 Aqui vem a parte, talvez, polêmica?

     Não se diz, em mídias diferentes, a mesma coisa. Não é possível isso nos meios de comunicação, sejam eles escritos, sonoros, audiovisuais, multimídia ou hipermídia, cada um vai retransmitir a informação/mensagem de seu próprio jeito, com sua própria finalidade, pois cada uma tem especificidades inerentes a seu próprio nicho, cada uma tem público-alvo distinto, bem como irá querer lançar luzes, enfases, problematizações e convicções cada um da sua própria maneira.

    E os meios de comunicação podem assim trabalhar, sem que isso seja necessariamente uma deturpação do original ou Fake News. Pois deve ser sabido por qualquer autor/artista que vise divulgar seus trabalhos: ao compartilhar, você está entrando num território Interindividual. Assim sendo, ao compartilhar com outros você lança o conteúdo a outras subjetividades, ou seja, cede o conteúdo ao julgamento de qualquer outra pessoa, onde cada indivíduo pode interpretar da própria maneira, e entender e refletir sobre o conteúdo de maneira similar ou não a sua.

É como diz o ditado: “sou dono do que digo e faço, não do que o outro acha e entende”.

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Se olhado por angulos diferentes, as vezes, a mesma coisa assume convicções diferentes

       Ex: Uma vez estava conversando com um fã que acreditava piamente que o conteúdo que lemos nos livros é interpretado igualmente em termos de mensagens. Isto é, ate pegarmos um livro em comum e começarmos a debate-lo, dizer nossa opinião sobre cada cena e capítulo e o que compreendemos daquilo e o que significou para nós. Logo, nem o conteúdo original é compreendido da mesma maneira por todos, é impossível, quem dirá o conteúdo adaptado.

    Adaptações são só mais uma forma de interpretar a obra, demarca a forma que seus produtores pensam o conteúdo. Nesse contexto, adaptar nada mais é que transpor (ou seja, mudar de um lugar, tempo, contexto etc. para outro; transferir, por noutro lugar, exemplo; para outra mídia). E, ao mesmo tempo, inferir uma opinião própria sobre o conteúdo, mostrando como este vê e entende aquele conteúdo, à sua maneira.

 Formas de Entender um Conteúdo

    Existe diferentes formas de compreender um conteúdo, não apenas levando em conta a fidelidade ao original. Ao nos depararmos como uma obra, podemos percebe-la das seguintes formas [ e pode ser assim tanto pelos fãs em relação a obra original, como pela produção que está adaptando]:

Dificilmente se daria respostas muito divergentes sobre o significado destas cores

 Compreensão Hegemônica-dominante: é aquela mensagem/obra entendida, de forma literal, pela maioria de maneira intrínseca, independentemente da relação com outras coisas, contendo similaridade na visão dos significados da mensagem, sem haver nuances muito bruscas ou divergências de opinião entre um receptor e outro. Ou seja, as pessoas olham aquilo e todas interpretam da mesmíssima maneira, porque só há um significado, sem muita maleabilidade para interpretação divergente (ex; semáforos)

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Autor + receptor + periodo histórico + subjetividade

 Compreensão negociada: aqui parte da mensagem/obra pode até ser reconhecida em termos e conceitos gerais em seu conteúdo intrínseco, mas também se faz inferências próprias e subjetivas, ou seja, assume conotações próprias, existe a possibilidade de dar sua própria opinião/ interpretação sobre o assunto. Ou seja, o autor até pode ter escrito seguindo alguma mensagem própria, mas cada leitor [e cada adaptação] pode inferir a própria interpretação daquilo que leu também, mesmo que não seja completamente igual a do autor.

    Tipo 1: baseadas na obra por si mesma e na compreensão do receptor– onde tenta-se compreender a mensagem da obra única e exclusivamente por ela mesma e por si mesmo, o que pode ser muito variável em interpretação, considerando que cada pessoa em épocas e países distintos, e com suas próprias subjetividades, vão compreender as intenções e mensagem da obra a depender do contexto próprio, e assim irão inferir interpretação e julgamento particular. Ou seja, o leitor [e a adpatação] é livre para entender a obra conforme sua própria interpretação particular e forma pessoal de entender aquilo que leu.

    Tipo 2: centradas no autor e com enfoque sócio-histórico, entendendo porque e em quais circunstancias tal obra foi criada – onde há uma contextualização entre autor, época da obra, levantamento histórico e compreensão dos princípios de inspiração do autor, para então compreender a mensagem que a obra quis passar. Articulando as ideias/mensagem que a obra quis passar em sua época de criação, sob os mesmos contextos, mas tais quais os conhecemos hoje. Ou seja, aqui o leitor [e a adaptação] podem fazer uma pesquisa e tentar entender as motivações do autor, e quais mensagens ele quis por na obra, e então entender aquilo que leu pela perspectiva do autor, e não pela perpectiva própria.

Visão oposta do significado 

 Compreensão de oposição: aqui os fãs do original ou da adaptação pode até compreender a mensagem da obra tanto de forma conotativa quanto literal, tanto centrado no texto ou no autor, mas, mesmo assim, interpreta a mensagem de maneira oposta/alternativa, com um referencial e visão alternativo. É possível, aqui, utilizar-se da intertextualidade em cima da obra original e trazer outras complexidades contemporâneas (ou não) para a obra adaptada. Articulando o original com novas/ou outras temáticas, ideias e problematizações.

    Tais maneiras de compreender a mensagem/ideais de uma obra é prerrogativa natural para qualquer conteúdo, não é “errado”, não é “uma deturpação”, não énão entender o que leu/viu”, Não é “interpretar errado”. Há diferentes formas de entender um conteúdo, e isso é possível porque há diferentes maneiras de pensar, filosofar, interpretar, apresentar e discutir o mesmo conteúdo. Ou seja, aqui o leitor [ou a adaptação] pode simplesmente contrariar o que leu para criar outra reflexão, ou ter entendido de outra maneira e preferir trabalhar aquilo de outra forma e sob outras perspectivas, fazendo inferencias próprias.

 

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 Experiencia pessoal minha: Adaptação que dei “chilique” [risos]

    O Pequeno Príncipe é um clássico amado por muitos, inclusive por mim. Vim a conhecer o livro só depois de adulta, o que possibilitou maior compreensão das metáforas e verdadeiras parábolas contidas nele. Obviamente, também procurei adaptações para ver a posterior, compreendendo desde sempre que elas tem liberdade criativa para trabalhar o material, mas querendo ver mesmo assim como essa narrativa ficou na telona. Gostei bastante do filme “O Pequeno Príncipe (musical)” de 1974, com o fofíssimo Steven Warner como o principezinho, o longa não conquistou a crítica especializada, mas conquistou meu coração, com direito a lagrimas e tudo ao final.

    Por outro lado, não posso dizer o mesmo do filme O Pequeno Príncipe de 2015. Eu achei a premissa muito interessante, com o filme usando da tal intertextualidade, conectando uma história sobre a educação muito rígida de uma menininha, quase uma “pequena adulta”, que acidentalmente acaba fazendo amizade com um velhinho das redondezas, ex-aviador ao que parece, que lhe conta a história de um certo principezinho que vive num asteroide. Eu pensei, uau! É uma excelente ideia: A parte da menina ocorria em 3d enquanto a do Pequeno Príncipe em Stop Motion.

    Porém o que o filme tinha de potencial para me conquistar, intercalando a história da garotinha com a do Pequeno Príncipe como se fosse uma historinha narrada a ela, acabou me passando raiva [risos], da metade para o final ambas as histórias se MISTURAM de forma muito melodramática e o filme perde um pouco a “graça” e fica deslocado de sua premissa inicial.

    Confesso que nunca dei tanto chilique em relação a uma adaptação como dei nesse filme. Foi um chilique “silencioso e pessoal”, eu sai da sessão (de Streaming) antes do término e nunca assisti o final do longa. Não reclamei do filme nem fiz crítica, nunca falei do meu desapontamento em relação a ele com ninguém (até agora), mas que não me conquistou, isso não posso negar! [risos].


  Por que é assim? Por conta da Hermenêutica!

     Hermenêutica, que isso? É a interpretação, é a busca do sentido. E interpretação é um termo ambíguo, pois pode abarcar um conceito geral ou subjetivo, uma opinião coletiva, uma opinião contextualizada, e uma opinião individual (de concordância ou de oposição), tais quais podem mudar de época para época.

Como isso afeta esse assunto de Original Vs Adaptado?

    Acontece que, desde a publicação da obra a um publico, as abordagens em relação a ela se multiplicam. Ou seja, se a obra foi publicada, a partir de então não existe só a interpretação do autor daquilo que escreveu, agora existirá a interpretação de cada uma das pessoas que leu também, que podem ou não serem iguais a do autor, e que podem mudar de uma época para a outra, de uma geração para outra. E quando há adaptações, teremos então mais multiplicidade de interpretação de quem viu tais adaptações(...)

    (…) O que aprendemos com qualquer obra, atuais ou atemporais, é que permitem mutabilidade: não contemplamos uma obra por mera repetição de seu conteúdo e um entendimento estático do assunto, mas porque tais obras contém elementos de ressignificação, individuais e coletivo. É sobre oque tal obra significa ou representa para cada pessoa, em certo tempo, idade, sociedade, época e cultura (etc…).

    Isto é, quando nos deparamos com obras de séculos atrás, as vemos com as lentes não de outrora, mas nossas lentes atuais (a não ser que você as conheça fazendo levantamento histórico, pelas vias do autor. E ainda sim, sua forma de lidar com o assunto não precisa ser de aceitação da mensagem originária da obra).

    O que as pessoas também não percebem é que há mais engrenagens por trás disso que a própria obra em si: Tornar-se um expoente [isto é; tornar-se um fenomeno], é mais complexo do que parece, é habitar o imaginário coletivo de diferentes pessoas ao mesmo tempo e em tempos distintos, é um fenômeno social.

    E é preciso salientar que quando falo de obras atuais ou atemporais, não estou falando apenas da primeira publicação da obra e a forma como foi experienciada pelas pessoas que a consumiram da primeira vez, pois não é somente a repetição que cria um Mito atemporal: mas também a inovação, a retomada, a transformação, a adaptação, a reutilização, a inspiração que isto evoca em outras obras derivadas, como isso reverbera em coisas novas, e em diferentes culturas em diferentes tempos.

    Por outro lado, não é preciso ir muito longe para perceber que, deixando nosso saudosismo de lado, obras, antigas ou não, sofrem constante ressignificações. Mas só conseguimos perceber isso de forma mais evidente ao olhar para as mais antigas (…).

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Sherlock entrou para o Livro dos Recordes como personagem mais adaptado para todo típo de mídia, e só perde para Dracula como personagem mais adaptado! Então, quem é "Sherlock Holmes" para ti?

     (…) Quem aí já ouviu falar mais de uma vez e de diferentes formas sobre tais: Drácula, Robin Hood, Cinderela, Sherlock Holmes, Romeu e Julieta, Frankenstein, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, Branca de Neve, Dom Quixote, Quasímodo? Etc…

    O que eles tem em comum: são anteriores ao séc. XX e estão em Domínio Publico, e todas tem VARIAS adaptações. Certeza você já viu pelo menos uma, terá uma favorita e uma menos favorita, E talvez tenha você conhecido, ou não, a obra original que deu sequencia a tantas adaptações.

    A premissa central de tais obras pode ser amplamente conhecida, pois são atemporais, seus originais ainda estão disponíveis, mas os arcabouços dentro da premissa central podem sofrer com a passagem do tempo, as inúmeras recontagem [pelas adaptações] podem tentar preservar o significado essencial do material original ou tender a reinterpretação, para inferir um significado outro que não é evidente na fonte original.

    Mas isso se dá porque: (1) Não há significados fixos para tudo no "original”, tornando diversos trechos passíveis de transformações e de variadas interpretações/ressignificações ao longo das épocas, e (2) as vezes, ao adaptar-se, se deseja propositalmente fazer uma releitura do original, retrabalhando novas questões que outrora não eram imagináveis ali. 

 

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Experiencia pessoal minha: Adaptação que NÃO dei “chilique” [risos]

Que Tolkien é considerado o “Pai da Literatura fantástica” não é novidade, além disso, a trilogia de filmes baseados em sua obra, “O Senhor dos Anéis”, ganhou ao todo 17 Óscars sendo a saga mais bem premiada do cinema e deixando muitos fãs orgulhosos (alguns até cheios de soberba por demais da conta, diga-se de passagem, conheci alguns meio "insuportáveis" nesse ponto). Por outro lado, a Trilogia Hobbit não teve o mesmo “destino bem-aventurado”: não conquistou a crítica especializada e também desagradou os fãs mais chegados na “fidelidade com o livro”, que foi perdida. Fora o fato dos filmes terem sido um caça-níquel ao dividir 1 único livro em 3 filmes.

    Ainda sim, A trilogia Hobbit, prequela de Senhor dos Aneis, foi bem afortunada: superando em bilheteria os dois primeiros filmes de SdA e ficando apenas atrás de Retorno do Rei. A trilogia desagradou quem só gosta dos livros, mas ao por "um pouco de tudo" (ação, romance, aventura, mulheres, etc, coisas, fatos, situações e personagens que não haviam no livro) agradou a grande audiência (ao menos aquela que tinha fôlego pra assistir 3h de filme cada). A trilogia apelou pra nostalgia, também, ao trazer personagens/atores de SdA. No total teve acertos e erros. Momentos bons e outros muito ruins. No geral, pecou pelo excesso.

    A trilogia pode não ter agradado os fãs mais fervorosos dos livros, mas confesso que tem um lugar especial no meu coração. Afinal, quando li “O Hobbit” era muito nova e não gostei do livro (nada contra a narrativa de Tolkien em si, eu também não gostei de Cronicas de Nárnia nem de Harry Potter, e não entendia porque meus colegas de classe eram tão obcecados).

     Quando a Trilogia Hobbit estava no cinema eu assisti, e amei Bilbo, e depois reli o livro só por causa dos filmes, já adolescente pude entender melhor a trama e mensagens que antes não me convenceram na infância, também já tinha idade para avaliar a narrativa melhor e a estrutura do texto, fiquei fascinada pelo modo de escrever do Tolkien e li depois Senhor dos Aneis, Silmarillion, Contos Inacabados e, recentemente, A Natureza da Terra-Média. E só depois fui ver os filmes de SdA e gostei deles (Na infância eu não tinha paciência para eles e sempre dormia). Hoje entendo porque tantos amam tal fantasia, sendo eu também uma entusiasta da obra literária e também das adaptações.

    Mas não consigo desprezar os filmes da Trilogia Hobbit, pois foram tais que abriram as portas dessa fantasia para mim, logo, tenho uma memória afetiva e tais filmes também são mui bem quistos por mim (mesmo que fuja bastante do conteúdo do livro, em dados momentos, [risos]). Falem oque quiser da trilogia, sou pessoal e particularmente apegada nela. Inclusive, amo o elenco e trilha sonora da trilogia Hobbit, fora que amei "I See fire" cantada por ed Sheeran e realmente chorei com a música “The Last Goodbye” cantada por Billy Boyd (ator que faz o Pippin em SdA), tocada nos créditos finais do ultimo filme da Trilogia Hobbit. Será sentimentalismo meu? [risos].


    A passagem do tempo é uma mostra não-intencional de ressignificações, a representação/adaptação e derivados jamais será fiel ao conceito original, pois a compreensão que se tem de cada elemento do original será articulado com novos elementos, coletivos, subjetivos, e inerentes a cada época e lugar. E isso é uma realidade para qualquer obra: não há como impedir, não há como tentar monopolizar uma “única interpretação” da obra, além de ser inviável tentar isso, é também impositivo e tirânico tentar.

 

  Mas e quando as empresas fazem “qualquer coisa” com a obra?

    Voltando a questão comercial, fato é que hoje as grandes corporações já sabem disso tudo, e por isso usam obras de Domínio Publico (caso ainda tenham apelo comercial) ou adquirem Copyright de autores/criadores, pois tais empresas pensam ser melhor expandir e investir em algo já existente, algo que já tem certa adesão do publico, algo que já tem algum renome, e visualizam maior possibilidade de expansão, do que “idealizar algo do zero” e ainda ter de investir nisso sem muitas perspectivas de como será recebido (o trabalho é maior, ao que parece).

    Tais empresas sabem que para maior lucro precisam conquistar diferentes fontes de comunicação e ter conceitos abertos para se adequar a diferentes públicos ao redor do mundo, mesmo que para isso saibam que terão de adequar o conteúdo a diferentes tipos de audiência e sabendo que terão de readequar a mensagem para cada tipo de mídia e audiência, lugar e época. Se puderem, vão expandir para linha de brinquedos, action figures, produtos licenciados (roupas, cadernos e agendas, canecas, almofadas, etc), suvenires diversos, histórias em quadrinhos (HQ), Mangás, Mahawa, séries de livros, conteúdo para TV aberta e/ou paga, serie de filmes no cinema, teatro, rádio, ou para serviços de Streaming, videogames, parques temáticos, venda de DVDs e Blu-ray relançados constantemente com novos extras e especiais, fazendo propagandas diversas, para qualquer outro tipo de derivados imagináveis. 

 

     Não é raro, as muitas franquias de renome viram verdadeiras marcas, que faturam anualmente muita grana, o suficiente para fazer pagar, as vezes com conforto, o valor investido na produção de conteúdo e marketing. Vide franquias Harry Potter e Star Wars (afortunados são aqueles que detém tais monopólios/Copyright).

 

    Quando o lucro esta vindo primeiro que a qualidade do conteúdo apresentado, e quando se faz ‘qualquer coisa’ com o conteúdo e sua mensagem a fim de gerar mais receita, isso tende a incomodar os consumidores tanto quanto aqueles que preferiam o conteúdo em seu formato de origem.


    Percebi que a maioria das empresas trata (1) conseguir se pagar, (2) ter superado a bilheteria/lucro de seu antecessor [em casos de Sequel, Prequel, Remake, Reboot, Spin-off, e Live Action e outros derivados {Falei da diferença de cada um bem AQUI}] (3) alcançar uma boa bilheteria e ficar no topo da lista de mais assistidos do ano (e, se puderem, de todos os tempos, oque deixa em evidencia a "marca" em si), como se isso fosse um "sucesso" pela produção das adaptações. (Gira tudo em torno do lucro, na maioria das vezes).


   E as vezes se faz qualquer coisa com o conteúdo para atrair mais público/audiência e gerar mais receita. Por outro lado não se pode esquecer que o público tem liberdade para criticar o conteúdo, caso não se sinta agradado com o que assiste/consome.


       É uma via de mão-dupla, conteúdo e consumidor. Tem de existir uma preocupação maior em "agradar o consumidor" com uma trama elaborada e bem pensada, articulada de forma inteligente. É esperado pelo público que a trama "entregue mais do que prometeu", não é?


       Obviamente que puro "fanservice" não é ideal. Mas também não adianta tanto trazer novas pauta e novas cenas rasas ao enredo do original, se isso não for bem estruturado e embasado ao longo da trama, e se o público sentir que não havia necessidade para tal. O enredo tem que fazer sentido com a própria temática da qual esta tratando, tem de haver coerência com a própria narrativa adaptada (ao menos é isso que todo fã espera como "o mínimo").

    Mas note que, para mim (e muitas outras pessoas), o real problema é quando há ganância com a exploração em massa do conteúdo e feito "de qualquer maneira": o problema NÃO É, e nem pode ser, a liberdade criativa e forma de pensar e repensar o conteúdo. Entende a diferença?

  Em conclusão

Por que, então, damos chilique quando uma obra que amamos é adaptada/ ressignificada?

1- Ainda são obras muito novas, talvez sequer tenham caído em Domínio Público ainda, e as que caíram é bem provável que tenham menos de 150 anos de idade. Dai somos saudosos! Não conseguimos ainda sentir o efeito do tempo sob tais, de modo que a primeira experiencia com a obra publicada ainda marca FORTEMENTE o imaginário individual e popular/coletivo. Daí sentimos que a adaptação é uma traição ao conteúdo original que conhecemos e amamos com muito fervor.

2- Porque, em geral, não entendemos que adaptação é uma ressignificação, denota uma nova forma de olhar para a obra, uma interpretação, a partir da visão de quem está realizando a adaptação. Além disso, é transferir, de uma mídia para a outra, de um público-alvo para outro, de uma época para a outra, de uma cultura para outra, com iguais ou novas conotações e propósitos. A adaptação pode até chegar perto da obra original, mas não de forma idêntica, porque adaptação nenhuma visa ser um mero “copia e cola” em relação ao original.

    Assim sendo, um exemplo: Possivelmente os gregos dariam ‘chilique’ também ao ver as estatuas sem cor. O saudosismo falaria mais alto, não permitindo a apreciação do que isto é agora, e da forma que é apreciado hoje, com suas diferenças em relação ao ‘que era’. Mantendo um desejo de conservar oque era, não oque se tornou. Quem assim pensa, nega o legado do tempo sobre a obra.

    Preferir o Original é entendê-lo como um Ícone Base de seu tempo, fazendo o admirador optar por reverenciar o conteúdo tal qual era outrora. Enquanto abrir margem para ressignificação é entender o material como expoentes não datados, não vê-los como ícones de um determinado tempo, mas dando abertura as diversas interpretações sobre o mesmo conteúdo ao longo do tempo.

    Perceba: Tanto pode haver quem prefira as estatuas gregas coloridas (assumindo-as como bases imutáveis de seu próprio tempo, cuja cor deve ser preservada e até RESTAURADA para valorização do legado destas tal qual se era originalmente), quanto pode pode haver quem as prefira como as vemos hoje (assumindo-as como Expoentes de uma cultura antiga, mas admitindo que podem ser admiradas hoje não exatamente pelo que foram outrora, mas pelo que se é, no que se transformou, oque se tem, no AQUI e AGORA, e sabendo que pode derivar novas possibilidades a partir delas).

 

original X adaptado.  Livro vs Filme. Adaptação. Remake. Reboot. Spin-Off. Prequels. Sequels. Fandom. Fãs. Fans. Fãs de Livro. Fãs de Adaptação. O Livro é melhor. O filme é melhor. Prefiro a adaptação. Imaginário coletivo. Saudosismo. Direitos autorais. Domino público. Copyright. Obras atemporais. Formas de entender conteudo. hermeneutica.
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 *OBS; significado de base e expoente aqui é como na matemática, ou seja, expoente é o número que nos indica quantas vezes a base se multiplica por si mesma. Veja o exemplo a cima

Concluindo: creio ser injustificada a guerra constante de Original vs Adaptado. No fim, percebemos que são formas diferentes de olhar para o conteúdo, não significa que uma forma de olhar é melhor que outra. Mas obviamente, podemos ter nossas preferencias e olhar para cada obra, original ou adaptada, da maneira que nos enternece.

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2 comentários:

  1. Oi Anne, uau, que completa sua análise. Eu tendo a gostar mais do original exatamente pelo saudosismo que traz (exceto as estátuas gregas, nunca soube que eram originalmente coloridas. Achei feio.. hahaha). Infelizmente hoje, muita gente quem impor suas preferências ao invés de apenas aceitar que cada um tem direito à própria interpretação e gosto pessoal. Quando não ofendem a obra, ofendem a pessoa que gosta dela. É um eterno correr dos sem noção dos fandoms.

    Entre livro e filme, geralmente prefiro livro. Até Harry Potter, que eu amo os filmes, gosto mais dos livros. O único que foge à regra é Coraline (Neil Gaiman) porque eu amo muito mais o filme. Mas tudo isso é questão de gosto meu, não saberia dizer o que é melhor ou pior. Até para Sherlock que, apesar de amar os originais do Conan Doyle, tenho um carinho especial pelas fanfics que escrevi do detetive. E eu jamais me atreveria a dizer que são melhores. Apenas que amo ambos da mesma maneira.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Helaina!
      Confesso que também prefiro as estátuas em tons de cinza como são, mas creio que prefiro assim apenas porque me habituei a vê-las assim 😅

      Em geral sou "híbrida", amo os livros porque eles exploram muito melhor o universo e coisas que só as palavras podem transmitir, fora a questão imaginativa individual que o livro proporciona de imersão no conteúdo e com oque idealizamos ao ler. Por outro lado gosto de conferir as adaptações, mesmo que sejam diferentes, pra ver qual visual darão e como se abordará oque está no livro, eu acabo gostando sempre do áudio-visual das adaptações porque fica "grudado" muito mais na minha cabeça do que qualquer coisa que eu imaginei (isso é bom e ruim, dependendo da perspectiva), embora os roteiros não me agradem tanto, tendo a amar os atores e cenários, que passam a ser minha referência quando releio, impossível não imagina-los ao reler.

      Sabe que nunca li Coraline?!😵
      Já vi o filme e achei muito bom. Agora que vc falou me bateu a curiosidade de conhecer a obra literária, acho interessante como os livros e os filmes/séries e tals um impulsionam o outro (quem conhece o livro acaba por ver as adaptações em algum momento, tanto quanto as adaptações "universalizam" o tema pra um público mais amplo, já que assistir demanda menos que ler, e no fim uma parcela do público que assistiu acaba curiosa pra ler), esse movimento de vise-versa acho que engaja tanto o mundo literário quanto o cinema e as belas-artes em geral.

      E concordo que questão de gosto é muito particular de cada um! Ao invés de "um ou outro", vamos com "de tudo um pouco", deixando as preferências pra o coração de cada um. Rsrsrs.
      Esse negócio dos Fandoms e público em geral querer "monopolizar" oque é 'melhor' e querer que todos concordem, acho muito impositivo. É bem ruim, fica tóxico.

      Quando a Doyle, ele era bem inventivo e impulsionou o gênero investigação policial, e embora as obras tenham ainda muito apelo, também já ouvi críticas bem razoáveis de leitores, de escritores e roteiristas. Só porque um autor tem grande renome, não significa que não possamos elencar deméritos em suas obras. Novos escritores também expandiram o gênero depois dele e trouxeram inovações interessantes.

      Eu não gosto de quem trata fanfiction como piada/meme, porque a Fanfiction tem se tornado a nova forma de ler e escrever no mundo atual, principalmente para os mais jovens, é uma forma mais digital, mais acessível e mais social (dado a aproximação direta de escritor e leitor). Cria novos leitores e hábitos de leitura em muitos, tanto quanto forma novos escritores iniciantes. E há muitos bons autores no mundo das fanfics. Além de trazer nova forma de olhar o original, traz novas considerações e expansões.

      Eu fico muito feliz que você goste de escrever suas fics, porque é um ganho de autonomia pra você em criatividade (em escrita, imaginação, plot) e ainda tem o retorno em admiradores/leitores do seu trabalho, e é interessante pq isso em geral se desenvolve como Hobby, é feito sem retorno em lucros/monetário da parte de quem escreve, é mais democrático para ambos os lados (diferente das outras indústrias, literária e cinematográfica), fanfic trás novos benefícios entre leitores, escritores e Fandoms❤️

      Eu acho fanfiction uma nova forma de interagir, a 4ª parede entre os "livros e cinema/séries" ❤️

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