Como lidar com Original versus Adaptado?

Senhor dos Anéis. JRR Tolkien. Percy Jackson. Harry Potter, It a coisa. O Hobbit. O Iluminado. Jurassic Park. Adaptação. Filmes. Livros. Remake. Reboot. Prequelas. Prequels. Sequels. Spin-Off, fãs. fan.

    Como lidar com Original versus Adaptado?

Aqui vai os 10 mandamentos para quem é fã de livros que foram adaptados.

     Um ano que se finda com adaptações e um ano que logo começa com promessas de novas adaptações, cabe algumas notas, não acha? Ainda mais nesse cenário onde os Gigantes do Entretenimento parecem estar em crise de criatividade e, ao invés de investir em histórias novas, estão apostando em adaptações de universos já consagrados, remakes, reboot, expansões de universos já conhecidos (Prequelas e Sequelas), spin-off de personagens, dentre outros.


Uma explicação básica:

Adaptação: quando um conteúdo sai da sua mídia de origem (ex; literária), e é apresentado em uma nova mídia (ex; televisiva, cinematográfica, serviço de streaming). Como as mídias não são iguais, é preciso ajustar o conteúdo para exibi-lo em seu novo formato, moldando e readequando o conteúdo para sua nova forma de exibição. As vezes isso é bem feito e agrada os fãs do original, porém em outras deixa a desejar.

Remake: é refazer uma história, seguindo novas tendências. Pode até utilizar os princípios base da história original, mas inserindo e reescrevendo outros aspectos, aqui pode-se dar uma 'repaginada' e acrescentar novos extras, personagens, lugares, cenas, assuntos e temáticas. A produção preocupa-se em trazer a própria versão da história, fazendo uma modernização ou releitura da obra (ainda que não condiga com o original). Esse tipo de adaptação costuma irritar, e muito, os fãs do conteúdo original (porque mesmo quando reaproveita elementos do original, os elementos novos incorporados podem fazer a narrativa diferir muito da obra original, a depender do quanto se inove).

Reboot: é reiniciar a mesma história, numa mesma mídia, criando mais uma versão dela e ignorando as versões anteriores. Essencialmente é o mesmo enredo do filme, jogo, série ou programa anterior, porém com novo elenco, trilha sonora, figurino, ambientação, enfim, uma nova produção que contará a MESMÍSSIMA história (faz-nos pensar; por que outro, se já tem um?). Em geral procura-se ser fiel ao conteúdo, obra, que deu-lhe origem (ou quase), sendo mais uma adaptação do mesmo. Geralmente a reinicialização visa apresentar algo melhorado ao público.

    Obs:  O motivo para Remakes e Reboots podem ser muitos, vão desde uma má recepção do antigo conteúdo, ou lucrar em cima da nostalgia que os fãs tem daquilo, até refazer ou reiniciar para corrigir erros da versão anterior, ou acompanhar novas discussões sociais (pois a antiga pode deixar de abordá-los ou abordar de formas questionáveis hoje em dia) e/ou para acompanhar novidades tecnológicas e CGI mais recentes (porque a técnica utilizada no conteúdo anterior pode já estar obsoleta e defasada demais).

    De todo modo, tudo bem confundir Remakes e Reboots, pois muitas vezes ambos os conceitos se fundem; pode perfeitamente existir um Reboot que também é um Remake.

Prequelas (prequels) e Sequelas (sequels): Na Prequela conta-se uma trama anterior aos eventos que ocorreram na história original. Obviamente, as Sequelas são o oposto disso, é o lançamento de uma narrativa que dará sequencia a trama vista na história original.

Spin-Off: é uma obra derivada da original, que se passa no mesmo universo, e ocorre no mesmo tempo que a história original [ambas ocorrendo em paralelo uma com a outra], mas aqui se segue outros personagens (que na obra original eram apenas coadjuvantes, e agora tornam-se protagonistas), trás outras situações e novos personagens, nova trama, novas temáticas e aborda outros assuntos, tendo outros objetivos narrativos e usando outros lugares como background, o enfoque é expandir o universo e explorar melhor a trama e vida de personagens advindos do conteúdo original.

    Independente de você estar esperando ansiosamente por alguma adaptação e vendo essa fase das Gigantes do Entretenimento com bons olhos, ou pelo contrário, seja daquelas pessoas que acha isso tudo desnecessário e desagradável, temos de conviver com isso tentando se frustrar o menos possível, ao que parece. Até porque, ainda que a recepção de tais adaptações não seja tão boa, isso ainda gera lucros e agregados aos idealizadores;

    Então, como lidar se seu livro favorito foi adaptado e você não gostou? Não procuro aqui estabelecer regras, mas sim diretrizes para uma melhor relação entre fãs! 


  Os 10 mandamentos para quem é fã: original X adaptado

    Um: Nenhuma adaptação é igual ao conteúdo original. A adaptação, é claro, não seguirá a risca o conteúdo original. As adaptações nunca são idênticas ao material de origem e podem variar entre ‘distorções leves’ a distorções graves’ em relação à obra que lhe deu origem.

    Mas as adaptações têm essa proposta mesmo, caber em um formato diferente. Adaptar é como ajustar e acomodar o original em um formato distinto, sempre existirá diferenças, acrescentos e perdas com a mudança de formato. Assim, a adaptação da história de um livro nunca corresponde 100% ao que era no original (embora esperamos que o essencial do enredo se mantenha).

Cronicas de Nárnia. O Leão a Feiticeira e o Guarda-roupa. CS Lewis. fãs. fan
Apesar da adaptação "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa" trazer sua propria versão e estética, para mim, manteve os elementos do original bem intactos. É um dos poucos casos onde, para mim, tanto faz ver ou ler (embora as sequencias adcionem mais modificações em relação aos livros).

    Seria inusitado e bizarro eu ver uma adaptação e achá-la 100% idêntica ao original, em todas as nuances, forma de apresentar a trama, subtramas e detalhes, cena por cena, diálogo por diálogo. É impossível (por ex; mesmo em audiolivro, posso ouvir e pensar “quando li isso imaginei outra entonação de voz e outra velocidade de narração”, é complicado nesse nível. Sim, muitas vezes me frustrei por não gostar do locutor do audiolivro, haha).

 

    Dois: a maioria das pessoas, mundo a fora, não lê. E mesmo dentre quem lê, é comum gostar de um determinado tipo de história (como Suspense e Terror, Fantasia, Mistério e Ficção Policial, Romance, Ficção Científica e Espacial, Ficção Histórica, etc). Enfim, mesmo dentre leitores, é incomum encontrar quem nunca tenha visto adaptações, de qualquer tipo que seja, então antes de sair destilando ódio (sem nem tentar levantar algum ponto positivo) contra alguma adaptação que lhe incomodou e aos fãs que curtiram, lembre-se que você também consome inúmeras delas ao longo da vida.

    A maioria das pessoas, o publico geral, busca apenas entretenimento quando vê uma adaptação, ao invés de fidelidade (até porque, só poderiam exigir fidelidade se tivessem lido o original), daí basta a pessoa ter se entretido que julgará a adaptação ‘boa’.

    Entra a questão que, as vezes, apenas avaliando como filme/ série pode ter sido bom mesmo, embora como adaptação de um livro possa ter sido horrível.

 

Alice no País das Maravilhas filme. Sherlock Holmes filme. O Pequeno Principe 2015, adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs. fan
Todos os filmes acima são bons, porém todos estão mais para Remake, visto que criam sua própria versão da história sem se ater ao original. Como filmes, são bons, mas como adaptações de livro não são (todos me fizeram 'passar raiva' porque diferem do original).

    Há muito mais fãs de adaptações, em geral, do que de livros porque demora-se algumas horas para consumir uma adaptação, e ler é mais trabalhoso, por vezes até mais caro. É por isso que filmes e séries se espalham mais rápido. É comum encontrar fãs da adaptação de algum universo cujo qual nunca leram o original, ou não leu tudo, mesmo que seja a obra favorita da pessoa (quem dirá então quem nem é fã só assistiu porque achou interessante, e gostou). 

    E tudo bem! Podem ser ao mesmo tempo; bom filme/ série, adaptação medíocre.


    Três: É infantilidade criticar e tentar menosprezar quem só segue adaptações, ou seja, atacar os fãs de alguma adaptação. São inúmeras adaptações de conteúdos literários diversos, imagina se eu começar a criticar você por ter gostado de uma adaptação de um conteúdo original que adoro e que você nunca se deu ao trabalho de buscar o original. Complicado, né?

    Então você não consumiu nenhum tipo de adaptação ao longo da vida? Você não teria internet, nem TV, nem rádio, nem nada.

Romeu e Julieta. Livro Romeu e Julieta. Filme Romeu e Julieta. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels.
Existem tantas versões do clássico "Romeu e Julieta" que é impossível que alguém não saiba do que se trata e nunca tenha visto ao menos uma adaptação, seja ela qual for.

    Todos têm o direito de opinar acerca do conteúdo de forma positiva ou negativa, liberdade de opinião é isso. Mas atacar uns aos outros, atacar os fãs, não é opinião, é violência verbal. Precisamos lembrar que o mesmo direito que alguns têm de odiar o conteúdo adaptado, o outro tem de amar. Sem represálias.

 

    Quatro: tanto quanto é incrível ser fã de algo, melhor ainda é descobrir que outras pessoas também amam aquilo como você. Nos fandoms geralmente encontramos pessoas com gostos afins e, em geral, é muito divertido participar de um, trazendo um sentimento de pertencimento a uma comunidade. Mas lembre que um fandom é como uma ‘mini-sociedade’, tem pessoas diferentes, com as mais variadas idades e opiniões, há pessoas tranquilas e pessoas mais imponentes.

    Assim como existe pessoas tóxicas (de forma individual) dentro de um fandom, também existe fandoms considerados tóxicos; isto é, um agrupado de pessoas que, em coletivo, exibem comportamentos nocivos e persecutórios, alimentando rivalidades e não abrindo margem para pensamento divergente.

Fandoms. Fandoms Tóxicos.
Cuidado com Fandoms Tóxicos

Fique atento a situações de risco;

(1) Se você está se estressando em um fandom (ao invés de se divertir).

(2) Se você esta se sentindo excluído e/ou invalidado quando dá opiniões próprias e sente que tem que acatar oque o coletivo diz ou faz para ser aceito, é comum ver ‘comportamentos de manada’ nesses fandoms e pessoas que parecem papagaios [parecem robôs que repetem as mesmas opiniões, ao invés de pessoas com forma de pensar originais].

(3) Se esse fandom cria situações de discórdia, comparação e disputa, seja dentre os próprios fãs, sejam entre fandoms diferentes.

(4) Se o fandom tem um alto grau de soberba, sentindo-se superior aos demais e reagindo de forma hostil quando a fanbase e o conteúdo do qual são fãs vira alvo de criticas, sendo pouco tolerante com quem pensa diferente e/ ou faz algum comentário desaprovando-os.

(5) Atenção: muitas vezes as pessoas que estão num fandom toxico não conseguem perceber isso por elas mesmas, para saber se é o seu caso, ouça oque as pessoas de fora dizem sobre, alguém já disse que seu comportamento mudou desde que você participa do fandom? [se sim, fique atento] Quando alguém critica o fandom ou a obra sua reação inicial é tentar entender o porque da crítica ou você automaticamente age de forma reativa? [se você age de forma reativa, fique atento].

    Então, espera-se que você se atenha à sua própria interpretação da obra, seja ela a versão original ou adaptada, e até busque pessoas que pensem como você. Mas nunca acredite que esta é a única interpretação viável e absoluta. Apenas sociedades e fandoms tóxicos colocam as pessoas umas contra as outras, xingam e anulam opiniões divergentes só porque “não pensam da mesma forma e/ou não concordam”.

     É possível viver em paz sem criar conflitos com quem “pensa diferente”.


    Cinco: É ridículo quando há fãs que pensam que são mais fãs porque leem enquanto outros não. Isso sempre demonstra como o objetivo da pessoa é valorizar o próprio ego, pois se realmente fosse divulgar o conteúdo original, tal pessoa explicaria com calma e paciência, incentivando quem só viu adaptações a ler o livro com base em diálogo sensato e amigável, na base de deixar a pessoa intrigada e curiosa, não aquela coisa tóxica que existe em vários fandoms de “achar que é superior porque leu”, julgando, invalidando ou inferiorizando as opiniões de quem não leu. 

    Não faça isso, pois provavelmente existem vários títulos que você pode não ter lido e já ter visto uma adaptação e opinado. Além disso, quando uma obra vai para outra mídia é de se esperar que se ampliem os fãs e os motivos para gostar dela, sendo assim você pode ser um leitor apaixonado, e a outra pessoa ser um cinéfilo apaixonado. 

Senhor dos Anéis. A Sociedade do Anel. As Duas Torres. O Retorno do Rei. Livros Senhor dos Aneis. Filmes O Senhor dos Aneis. JRR Tolkien. Peter Jackson. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs. fan. Universo Tolkien. Legendárium Tolkien. Legendário Tolkien.
As pessoas que leram Senhor dos Anéis podem ser leitores ávidos. Enquanto as pessoas que só viram os filmes podem ser cinéfilos ávidos. Os livros são clássicos da literatura fantástica, enquanto os filmes receberam inúmeros premios no cinema. 

     Um pode preferir o original e o outro a adaptação, e cada um ter seus motivos para tal sem que um precise invalidar o outro. Cada um com seus gostos e hobbies. Lembre-se que o objetivo principal, geralmente, é se entreter; e cada um pode perfeitamente bem fazer isso segundo a própria preferencia particular.

 

    Seis: É consenso geral de todos os leitores, de qualquer gênero literário, que “os livros são melhores que a adaptação”, na maioria das vezes. Raro e surpreendente acontecer o contrário. Então quando um fã diz “o livro é melhor” [como se isso fosse uma crítica sólida], não é novidade para ninguém, não é como se estivesse fazendo uma baita critica ao dizer isso, é como reiterar o óbvio.

    Além disso, uma adaptação dificilmente “destrói o legado do autor”, pelo contrário, o autor permanece imaculado na sua obra original. As adaptações costumam trazer novos fãs e ampliam aquilo para mais pessoas, espalhando o conteúdo na cultura popular.

O Iluminado. IT a Coisa. Stephen King. Livro O Iluminado. Filme. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs. fan.
Eu confesso que as ADAPTAÇÕES são a razão mais predominante que me motiva e me faz desejar ler algum livro do King. Ele parece um baita autor de suspense e terror, mas eu só sei disso por conta das adaptações que (dentro da cultura popular) me apresentaram a ele.

     Qualquer um de nós pode perceber que, depois que lançam um filme e/ ou série, uma adaptação, as vendas do livro original sobem exponencialmente (porque ao menos 1/3 das pessoas que viram, podem sentir interesse em ler o original. Isso significa mais fãs para o trabalho original).

A Culpa é das Estrelas Filme. A Culpa é das Estrelas Livro. John Green. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
A quantidade de pessoas que eu vi lendo esse livro depois que saiu a adaptação era surreal, em cada esquina tinha alguém lendo, em cada transporte público tinha alguém lendo, desde adolescentes de ensino médio até adultos doutorandos.

     E mesmo que exista aquela parcela que só vê a adaptação, na melhor das hipóteses, divide o público entre “os que são fãs do livro” e “os que preferem a adaptação”. Nesse caso, todos podem ficar no seu “canto” sem se ofenderem.

 

    Sete: Não existe “dono da verdade”. Existem opiniões divergentes, o que é totalmente viável em sociedade. Respeitar a opinião dos outros, mesmo que seja diferente da sua, chama-se cordialidade, bons modos e maneiras sensatas para com os outros.

    Tudo bem você odiar uma adaptação, esta no seu direito. Mas lembre-se de direcionar suas criticas apenas ao conteúdo que foi mal adaptado, jamais faça parte de movimentos de ódio contra fãs e, também, jamais persiga e intimide o elenco ou a produção de maneira geral. 

Percy Jackson filme. Percy Jackson série. Percy Jackson livros. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
Não compare elenco e jamais persiga e intimide atores e/ou produção, independente da adaptação ser boa e fiel ou não.

    Não confunda “liberdade de opinião” com “agressão verbal”; só porque você tem direito de opinar, não significa que tenha o direito de menosprezar, desmoralizar, ridicularizar e humilhar os outros (Obs: xingamento, ofensas e afrontas também não são opiniões críticas).

    Além disso, se sua única critica a adaptação for “não foi igual ao original”, procure maiores motivos. Se deseja criticar, pontue sua crítica com respeito e levantando aspectos ruins da adaptação, fale sobre elementos que não estavam em conformidade com o trabalho original E EXPLIQUE o porque disso prejudicar a adaptação.

    Mesmo assim, lembre que uma adaptação pode visar interesses múltiplos e, as vezes, quem a realiza pode até visar propositalmente mudar, em forma de crítica, algo do original e fazer uma reformulação da história, contando-a de forma diferente (ou seja, as vezes é um remake). Isso não significa que a adaptação está fazendo algo ilícito, ela esta no direito dela de agregar novos conceitos ao original, se assim convier. Os clássico, por exemplo, sofrem inúmeras mudanças, fazendo-os parecer mais releitura que uma adaptação.

 

O Hobbit. JRR Tolkien. O Hobbit trilogias. O Hobbit Filmes. O Hobbit livro. Adaptação. Peter Jackson. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
A trilogia O Hobbit modificou e acrescentou bastante coisa em sua adaptação do livro, gosto dela mesmo assim e a levo como Remake do livro.

    Então, antes mesmo de criticar algum aspecto da adaptação que foi diferente, lembre que a adaptação também esta em seu direito de reajustar a trama e personagens, a depender do que quer alcançar com aquilo. As adaptações também podem falar sobre aquele assunto com as lentes que desejam, e não deveriam ser criticadas e hostilizadas só por isso, não é como se estivessem fazendo algo proibido. 

 

    Oito: As adaptações, quando o conteúdo ainda é “protegido por direitos autorais”, precisam da aprovação dos detentores dos direitos. O objetivo é comercial em todos os casos. Uma adaptação não se produz sem a expectativa de retorno financeiro, portanto as distorções nas adaptações não têm o objetivo de “incomodar os fãs”, mas sim visam atrair o maior público possível, e não apenas “fãs do livro”.

    Sim, como leitores queremos que tudo seja igual em cada pedacinho, mas em geral não é o objetivo dos cineastas, as vezes oque dá certo em forma textual não funciona na apresentação em tela, e acabam mudando e assumindo novas formas na mídia visual.

Os Miseráveis Victor Hugo. Os Miseráveis Livro. Os Miseráveis filme. Os miseráveis série BBC. Victor Hugo. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
O livro tem mais de 1.900 páginas (nessa edição a cima), evidentemente que as várias adaptações não conseguem ser iguais (seja o filme acima mostrado [que é um musical], ou até mesmo a série "Os Miseráveis" da BBC, que utiliza de outras estratégias expositivas para exibir a história. O livro é longo, muito precisa ser condensado e/ou ocultado para caber no novo formato). Eu já conheci quem leu, e quem só viu as adaptações, e sempre foi uma relação muito amistosa no fandom!

    E em casos de obras de Domínio Público, são esperadas AINDA MAIS DISTORÇÕES porque qualquer pessoa e empresa pode utilizar o conteúdo.

    É por isso que fãs de conteúdos diversos concordam que existem dois tipos de conteúdo: o Canônico (escrito e publicado pelo autor original em vida, considerado material “oficial” e “verdadeiro”) e o Não Canônico (escrito por outros autores, adaptações, releituras [remakes], reboots, ilustrações que não sejam do autor original mesmo que esteja na obra original, fanarts, fanfics e conteúdos "não oficiais"; também, bibliografias que não tenham sido autorizadas pelos autores [ou publicadas pós-morte], extras e publicações vindas e/ou editadas por outros autores, ou seja, tudo e qualquer coisa além do que o autor original publicou e autorizou em vida).

    Na maioria dos fandoms, os dois mundos (canonico e não-canonico) coexistem relativamente bem.

 

    Nove: As obras, em geral, passam por uma reinterpretação do público que as consome, tanto no nível coletivo quanto no individual. Isso significa que mesmo que você e eu tenhamos lido o mesmo livro, podemos ter interpretações diferentes do mesmo conteúdo. Isso porque alcançamos o que há de individual em cada um de nós, e usamos nossa imaginação.

    Podemos discutir a mesma cena de qualquer obra, dando nossa interpretação, e em algum momento iremos discordar e inferir opiniões próprias e pessoais que atravessam nosso repertório de vida. Quando lemos, usamos imaginação, e teremos uma visão particularmente nossa em prestar atenção e entender a trama e personagens, bem como opinar sobre isso tudo.

    Porém quando se faz uma adaptação baseada numa obra literária, a produção tem que dar um ultimato em como vai representar aquilo (sabendo que jamais estará a altura do que foi imaginado pelos fãs), tem que escolher um elenco (cujo qual sempre terá criticas), definir para qual publico e faixa etária vai apelar (nem sempre a classificação e público de um filme/série visa a mesma dos livros). 

Dom Quixote. Miguel de Cervantes. Livro Dom Quixote. Tom Quixote. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
Obviamente que Tom Quixote não tem pretensão de se destinar a um público similar ao do livro Dom Quixote, que inclusive é obra estudada e alvo de muitos trabalhos acadêmicos. E já vi diversas edições adaptadas resumidas do próprio livro, destinada a crianças em idade escolar.

    Fora que, muitas vezes, o filme e/ou série não tem tempo para exibir tudo que está no livro, tendo que condensar e/ou suprimir muitas passagens originais (oque é bem diferente de “mudar cenas” ou acrescentar novas).

    Se for este o caso, tenha em mente que, muitas vezes, não gostar de alguma adaptação significa apenas não ter gostado de aspectos da adaptação cujos quais você idealizou diferente e, por isso, se frustrou. Pode significar que aquilo não é ruim de modo geral, e sim que é ruim na sua opinião particular. Pode existir adaptação cujos fãs da obra original odeiam, porém que ‘cai no gosto’ do público em geral.

 

Harry Potter. Harry Potter e a Pedra Filosofal. Harry Potter elenco. Harry Potter personagens. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
Confesso que quando soube que vai ser lançada uma nova série de Harry Potter, um Reboot, fiquei surpresa. Sei que nem tudo na Saga de Filmes foi fiel ao conteúdo dos livros e que o CGI pode já está obsoleto, mas ainda sim (mesmo que a série seja mais fiel e incrível) será difícil esquecer o elenco da primeira adaptação, ao menos para mim, e olha que nem sou Potterhead.

 

    Dez: Tente ser positivo. Se seu livro favorito foi adaptado, você já esta na vantagem porque tem o melhor dos dois mundos, original e adaptação (vocês não sabem como é chato gostar de um livro ou saga literária que quase não tem fandom, imagina você morrendo de vontade de falar sobre, e não tem com quem conversar e, quando mesmo assim você fala a respeito, quase ninguém sabe do que se trata). Então, para você sortudo que é fã de algo que foi adaptado, mesmo se a adaptação for ruim, você pelo menos encontra outros fãs e tem assunto! Hahaha!

 

Jurassic Park. O Parque dos Dinossauros. Jurassic Park Filmes. Jurassic Park livros. adaptação. Remake. Reboot. Spin-off. Prequels. Sequels. fãs.
Não sei se os filmes são fieis aos livros [possivelmente não, como é de se esperar]. Mas uma coisa é certa: se eu ler, será impossível não imaginar personagens, dinossauros e ambiente igual das adaptações de Spielberg.

    E pense nisso, é o melhor dos dois mundos no sentido de; um é melhor em apresentação de enredo, situações e cenas, na forma como segue a narrativa, melhor na exposição de caráter, sentimentos, emoções, sensações e pensamentos de personagens diversos (sejam eles protagonistas, coadjuvantes ou figurantes), melhor com detalhes, explicações e minúcias da trama (e subtramas), isso só um livro pode proporcionar. Enquanto as adaptações nos agrega mais na construção visual de ambientação geral e locais específicos, trilha sonora, figurino e representação física dos personagens (e também animais e plantas) e itens usados por eles (afinal, quem nunca leu um livro imaginando atores, itens e locais das adaptações?).

    Levando isso em conta, em alguns casos, da para pensar em Original e Adaptação como complementos um do outro. Ao invés de forças antagônicas, como geralmente pensamos. 

 

Gostou? Eu já fiz uma publicação sobre: "Original Vs Adaptado, Livro vs Filme: Um é mesmo ‘melhor’ que o outro?" bem AQUI


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3 comentários:

  1. Oi Anne, desde que gostei mais do filme 'Coraline' do que do livro do Neil Gaiman que eu sou muito tranquila com adaptações, mas sem que algumas pessoas quase tomam como ofensa pessoal o material produzido caso não tenha gostado. Eu era mais inocente com isso de fandom até conhecer o de Sherlock (tem gente no meio tocando terror desde que o Doyle era vivo... XD). Senti exatamente o que você descreveu, parei de me divertir e ter medo de falar minha opinião e ser atacada. Me afastei de algumas pessoas, mas ainda tomo cuidado com o que eu digo. Um dos piores lugares para se expressar inclusive é o X (ex-Twitter), todo mundo dita regras lá e tudo é levado para o pessoal. Recentemente postei um gif do Martin do filme Ghost Stories com um quote e uma pessoa aleatória que não gostou do filme (direito dela) fez questão de vir dizer que o filme não era bom e que era muito chato, acho que foi uma tentativa de começar uma briga e receber likes, mas como ignorei a pessoa sumiu. O Twitter parece que virou isso agora.

    Eu gosto tanto de adaptações, foi assim que fui convencida (2 amigas me "arrastaram" para o cinema) a ler Crepúsculo. Estava órfã com o fim de Harry Potter (mas torcia o nariz para a saga vampiresca) e precisava consumir uma nova série. O filme me pegou tanto que li os 4 livros. Acho que se as pessoas tivessem a mente mais aberta, teriam muito mais o que aproveitar.

    Postagens como a sua são muito necessárias! Parabéns pelo trabalho!

    O Mente Hipercriativa já está de volta!
    Aguardo sua visita!

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

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    Respostas
    1. Oi, Helaina! Pois é, soube também dessa situação do Conan Doyle, mostra como não é algo "da atualidade" apenas. Mas que é bizarro é.

      Eu meio que escrevi essa postagem como um desabafo. Tive umas situações assim também de medo de falar minha opinião e ser atacada, como vc diz, de não estar feliz ali no Fandom e ter que acatar coisas que não me faziam bem.

      Aconteceu no Fandom de Tolkien, em geral porque eu gosto tanto do livro como da adaptação de O Hobbit, e muitas vezes fui invalidada ou inferiorizada por expressar essa opinião, também que parecia haver uma regra implícita de que “não se pode falar mal de Senhor dos Anéis”, daí uma vez demonstrei descontentamento em relação a pouca aparição de Arwen nos livros (seja no livro em si ou nos apêndices), e critiquei o "desenvolvimento" do relacionamento de Éowyn e Faramir, e adivinha? Tive novamente minha opinião inferiorizada. Sentia-me muito mal com isso, triste ao invés de feliz, estava até reativa e estressada porque quando me invalidavam eu não conseguia fazer isso que você falou, de não responder. Daí era pior, porque entrava em bate-boca tentando defender meu ponto de vista, sempre me frustrava. Ficava chateada com isso por SEMANAS. Então comecei a tentar ver oque era melhor para minha saúde mental...

      … Então me toquei que tinha dois grupos no fandom do Tolkien, os Puristas (que só gostam dos livros e os divinizam, não podendo ninguém falar mal) e os mais "liberais" que curtem tanto os livros como as adaptações e são mais abertos a diversidade de opinião em relação a obra. Hoje encontrei uma parte do fandom que é mais "tranquila" e curte O Hobbit (livro e filmes) como eu. haha. Daí estou mais feliz, mas sempre monitorando isso.

      Também li Crepúsculo, e na época tinha muita gente que odiava e falava mal da obra e de quem gostava, mas eu não senti muito esse “hate” porque era bem nova e não usava muito rede social. Problema tive depois, que nessa “onda de vampiros”, assisti também The Vampire Diaries, tinha um personagem que manteve um amor com uma das personagens e depois ele ganhou um spin-off (The Originals), eles se separaram e cada um ficou em uma das séries, na nova ele conseguiu um outro relacionamento. Mas adivinha? Os fãs do primeiro relacionamento dele não gostaram disso e infernizaram a ATRIZ, de perseguir e hostilizar ela, até que a moça pediu para sair da série.

      Eu simplesmente não conseguia acreditar até onde ia a insanidade de alguns fãs. É como a situação do Doyle, porque uma coisa é discutir por causa da estória e pontos de vista sobre a obra, mas atacar autores e atores? As pessoas perdem a noção! Eu fiquei muito triste com a saída da atriz.

      Enfim, é como você falou, se as pessoas tivessem a mente mais aberta! Poxa. O “X” (twitter) eu não uso hoje em dia, mas do pouco que usei no passado deletei porque vi que não ia ser bom para minha sanidade.

      Vou passar no seu Blog! Eu já estava com saudades!!!!
      Nos vemos lá, beijos.

      Excluir
  2. Pois é, assustador! Doyle morreu em 1930 e antes disso já tinha maluco no fandom! Hahahaha...

    Te entendo. Esse negócio de ser obrigada a concordar com certas opiniões para não ser hostilizada é horrível e isso de ameaçar atores, atrizes, produtores e afins é ainda pior. A gente pode se afastar de fã tóxico, mas essas pessoas estão trabalhando.

    O twitter só parou de me fazer mal quando eu finalmente consegui entender que aquilo é uma bolha que muitas vezes não reflete a realidade e que não deve ser levado tão a sério assim.

    ResponderExcluir

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