O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói

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    Bilbo e a Jornada do Herói

    Uma análise de Bilbo Bolseiro como personagem central no LIVRO O Hobbit e personagem secundário na sequencia, também literária, O Senhor dos Anéis: Para compreender as 10 etapas de Bilbo e a Jornada do Herói. 

    Ou: Entenda porque O Hobbit é maravilhoso e Bilbo um personagem mais notável do que lhe dão crédito nesse breve storytelling sobre ele.

*Observação: Embora a postagem venha a trazer imagens das adaptações, o texto abarcará apenas trechos dos livros como via de análise.

 

Essa matéria POSSUI spoilers

Para melhor compreensão da matéria é desejado já ter lido O Hobbit e O Senhor dos Anéis

 

Ainda não conheçe Bilbo Bolseiro? Fiz uma resenha, sem spoilers, de O Hobbit bem AQUI

    Compreendendo os Passos do Herói na Jornada de Bilbo

    Em uma trama em que o protagonista é muito proeminente, o autor é obrigado a manter o (1) enredo bem estruturado , (2) o temperamento do personagem central e (3) a tridimensionalidade do universo onde a história se passa.

Limito-me aqui a tratar do "personagem central" da tríade, à luz de:

"Jornada do Herói (...) é o modelo comum de histórias que envolvem um herói que escapa do mundo comum, parte em uma aventura, sai vitorioso em uma crise decisiva, aprende uma ou mais lições, e volta para casa mudado ou transformado".

Joseph Campbell, obra; O Herói de Mil Faces, 1949.

 

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Jovem Bilbo Bolseiro, interpretado por Martin Freeman

1) O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado.

    No início Bilbo está inserido no contexto das regras sociais dos hobbits e, embora não se conforme totalmente a elas sendo parte Tûk, ainda valoriza as regras da comunidade que conhece sendo parte Bolseiro. Curiosamente, quando Bilbo menciona o que significa “aventura” para os hobbits, usa o plural, não evidenciando o que ele realmente pensava sobre o assunto, mas o que a comunidade pensa. Olhe:

Somos gente simples e quieta e não queremos saber de aventuras. Coisas desagradáveis, perturbadoras e desconfortáveis! Atrasam-nos para o jantar!”

–— J.R.R. Tolkien, obra; O Hobbit, 1937.

    Mas a conversa com Gandalf revela um deslize óbvio: Bilbo não é um Hobbit tão "comum" quanto finge ser. Pois embora indique que não sabia bem o que "compelia-o" a partir em uma aventura, Bilbo teve que se corrigir antes de chamar as aventuras que o mago costumava fornecer de: "interessantes" (como irei destacar logo mais).

    Perceba que a entrada de Bilbo no mundo adulto, em sua própria cultura hobbit, fez com que se conformasse ao máximo com o que era "respeitável", principalmente porque os Bolseiros tinham esta fama, mas mesmo sendo um Bolseiro ele também é um Tûk e mantinha a ideia de que a vida, além do que seus companheiros Hobbits achavam adequado, era "interessante".

    Portanto, embora Bilbo tente recusar o chamado, seu lapso nos mostra o que ele pensava realmente sobre “aventuras”. Veja:

“Nossa! Aquele Gandalf que foi responsável por tantos rapazes e moças tranquilos indo desaparecer na lonjura em aventuras desvairadas? Todo tipo de coisa, de escalar árvores a visitar elfos, ou navegar em navios, navegar para outras costas! Minha nossa, a vida costumava ser bem interes... digo, você costumava perturbar muito as coisas por aqui tempos atrás”

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.

    Isto é chamado de Ato Falho, em Psicanálise, quando um desejo do inconsciente acidentalmente é revelado na fala/ou comportamento do sujeito, geralmente a pessoa se corrige de imediato porque tal desejo deveria ter ficado reprimido: é exatamente isso que ocorre com Bilbo nesta cena do livro.
 

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Ilustração original de Tolkien

2) O início da grande aventura, rumo ao desconhecido.

    As regras que regem o mundo além do Condado são diferentes daquelas estimadas pelos Hobbits comuns, Bilbo entende isso perfeitamente bem (como evidenciado no trecho “Tinha lido sobre um bocado de coisas que nunca tinha visto ou feito”, que logo destacarei). Então já no segundo capítulo do livro quer, acima de tudo, ganhar reconhecimento entre seus patrões anões.

    obs: isso difere da Trilogia de filmes, onde Bilbo vai até os Trolls para salvar os poneis, quando no livro ele foi incubido de ir até uma fonte de luz a frente e descobrir oque é, sendo o mais sorrateiro do grupo, ele deveria ir e retornar para informar oque descobriu, sem fazer alarde. No livro, não havia necessidade de Bilbo se interpor entre os Trolls. Mas por que ele faz isso?

    Tendo sido contratado como ladrão, roubar dos Trolls parece a situação perfeita para: (1) provar a si mesmo, (2) aumentar sua autoestima e (3) ganhar status no grupo.

    Isso pode soar estranho para um Bolseiro ou outro Hobbit comum, mas lembre que este é o mesmo Bilbo que acha as aventuras "interessantes", ou pelo menos é assim que seu lado Tûk pensa.

    Assim, o mesmo Hobbit que estava tentando se passar por "respeitável como um Bolseiro deveria ser" meteu-se entre três Trolls para provar seu valor aos anões na primeira oportunidade que encontrou: demonstrando a coragem e imprudência transbordando de seu lado Tûk. Veja:

“Bilbo sabia de tudo isso. Tinha lido sobre um bocado de coisas que nunca tinha visto ou feito. Estava muito alarmado, e também enojado; desejava estar a cem milhas dali, e ainda assim, e ainda assim, de algum modo, não podia voltar direto para Thorin e Companhia de mãos vazias. Então ficou e hesitou nas sombras. Dos vários procedimentos de furto que conhecia, limpar os bolsos dos Trolls parecia o menos difícil”

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.

    Existe uma dicotomia no personagem de Bilbo, sendo ao mesmo tempo (1) o Bolseiro alarmado que deseja estar em casa, estar a cem milhas dali e (2) o Tûk que lê coisas que nunca viu ou fez, o Tûk que sai numa aventura e sente que precisa se provar a Thorin e Companhia...

...Bilbo deixa que ambas as partes assumam vez ou outra ao longo da trama, sem haver equilíbrio real entre elas, garantindo complexidade as atitudes do personagem na busca por autodescoberta. Bilbo precisa descobrir quem é, por isso a trama é centrada nele. Ou seja, a jornada rumo a Smaug é apenas um MacGuffin…

…A história é, na realidade, sobre o desenvolvimento de Bilbo, para que isso ocorra ele precisa sair em uma jornada aventureira, assim a aventura precisa de um motivo, “um dragão que dorme sob um tesouro de um reino que usurpou outrora”, isso é MacGuffin, um dispositivo de enredo (situação, pessoa ou coisa) que faça a trama avançar (assim como, a posterior, o Anel encontrado por Bilbo em O Hobbit será um mero MacGuffin para que a trama de O Senhor dos Anéis funcione).

    Mas é justamente por isso que Bilbo falha em roubar os Trolls, afinal ainda estamos no inicio da trama, não seria uma“Jornada do Herói” se ele conquistasse as coisas no segundo capítulo, certo? Além disso, a falha dele ao roubar os Trolls endossa o quanto ele ainda tem pela frente de jornada, rumo a seu desenvolvimento pessoal…

...Falhar com os Trolls representa um golpe para o ego de Bilbo, é por isso que fica de mau humor até boa parte da narrativa: Seu erro faz com que não se sinta valorizado e produtivo, e ele se torna um tanto inseguro pela dificuldade em buscar autonomia (isso é necessário para que entendamos quem Bilbo é agora e quem irá se tornar).

    Fica em evidencia também que, aqui nessa situação, Bilbo não cumpriu a demanda/ordem que lhe foi incubida e colocou todo seu grupo em risco indevidamente. Surge a questão: será que, futuramente, ele (como protagonista), fazendo ou não oque esperam dele, tenderá a fazer o correto para seu grupo?

 

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3) O início da metamorfose.

    Quando estavam atravessando as Montanhas Nevoentas, ao dormirem num trecho de cavernas, Bilbo tem um pesadelo de que seriam capturados, ao acordar nota que seu pesadelo estava se concretizando feito um presságio/premonição e dá um grito que acorda e alerta a todos quanto ao perigo. Isso não impede que Bilbo e Anões sejam capturados, porém fez com que Gandalf estivesse de pé e usasse sua magia para escapulir, isso é importante porque é Gandalf quem salvará os Anões desta situação (só os anões, porque Bilbo se desgarra do grupo e terá de se safar sozinho). E isso também mostra que há mais do que mera sorte guiando Bilbo.

    A descoberta do Anel não é exatamente um roubo, pois Bilbo o encontrou em um túnel vazio e escuro e ao descobrir quem é o suposto dono, Gollum está querendo matá-lo (sim, é diferente do filme onde Bilbo vê Gollum perder o Anel, quando no livro o hobbit está num local escuro, completamente sozinho e tateando encontra o Anel, sem ninguém por perto, coloca no bolso e esquece-se dele até fazer a pergunta ‘Oque tem no meu bolso’ no jogo de advinhas, não era direcionada a Gollum dado que Bilbo estava falando consigo mesmo, mas ele manteve como pergunta para o jogo porque não conseguia pensar em mais nada).

    Após perceber a má intenção de Gollum, Bilbo não tem muitas opções a não ser correr. Mas o encontro com Gollum é o marco definitivo da mudança: o Bilbo que entrou nas Montanhas Sombrias não foi o mesmo que saiu, houve um crescimento interno. Bilbo foi capaz de sentir pena de Gollum e poupa-lo.

Bilbo quase parou de respirar e ficou rígido. Estava desesperado. Precisava ir, sair dessa escuridão horrível enquanto lhe sobrasse alguma força. Gollum pretendia matá-lo. Precisava lutar. Precisava apunhalar aquela coisa imunda, apagar seus olhos, matá-la. Mas, não, não era uma luta justa. Ele próprio estava invisível agora, seu adversário não. E Gollum não tinha espada. Também Gollum ainda não tinha ameaçado matá-lo de fato, nem mesmo tentado matá-lo, ainda. E, apesar de tudo, Gollum era alguém desgraçado, sozinho, perdido.

Uma pena repentina, uma piedade misturada com horror, brotou no coração de Bilbo: um vislumbre de dias intermináveis e nunca registrados, sem luz ou esperança de melhora, pedra dura, peixe frio, tocaiando e sussurrando. Todos esses pensamentos passaram no clarão de um segundo. Ele tremeu [ao se colocar no lugar de Gollum].

E então, de repente, como que carregado por uma nova força e resolução, Bilbo saltou. Não era nenhum grande salto para um homem. Um salto no escuro. Direto por cima da cabeça de Gollum ele saltou, sete pés para a frente e três para cima no ar; de fato, embora não soubesse, ele mal escapou de rachar o crânio no arco baixo da passagem.


Lembre-se da conversa entre Frodo e Gandalf:

"Que pena que Bilbo não esfaqueou aquela criatura vil, quando teve chance!" Diz Frodo, sobre Bilbo não ter matado Gollum.

"Pena? Foi pena que deteve a mão dele. Piedade e compaixão: não atacar sem necessidade. E ele foi bem recompensado, Frodo. Perceba como ele sofreu tão pouco com o mal [do Anel] e escapou no final, porque começou a usar o Anel assim. Com Piedade. (...) A pena de Bilbo pode governar o destino de muitos” Disse Gandalf.

J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis.


    Ao fugir pelo túnel, Bilbo inicialmente valoriza a própria vida, mas encontra mais que um Anel: encontra seu senso moral em não ferir Gollum, e sua autonomia em ter conseguido sair da situação sem precisar ser salvo ou resgatado por alguém (algo que nem os anões puderam fazer). E de quebra, mais tarde, de fato Gandalf acaba por ter razão dado que é Gollum quem (ao disputar a posse do Anel com Frodo), acaba por derruba-lo no fogo e destruí-lo.

    Mas por enquanto, aqui Bilbo passa a ter confiança em si mesmo e em seus próprios atos. E quando ele se junta a Gandalf e aos Anões, ele tem o prazer de contar sobre seu triunfo.

Os anões parecem pela primeira vez espantados por ele ter escapado sozinho, anões que já pretendiam deixá-lo não porque não tivessem coragem de entrar novamente nas montanhas, mas porque achavam que Bilbo não valia a pena. Eles tiveram que reconsiderar o potencial do Hobbit.

    Então Bilbo se sente pela primeira vez valorizado e aceito pelos outros, não mais um fardo.

Isso não quer dizer que ele automaticamente se torne um heroico e corajoso personagem, não: Bilbo ainda não conhece o mundo que está explorando, e é natural que cometa gafes, como quando compara as Águias a garfos, ou Beorn a um peleiro...

…Bilbo ainda tem muito a descobrir sobre o mundo que explora tanto quanto sobre si mesmo, até aqui ele esta apenas descobrindo onde seu lado Tûk e sua “veia aventureira” pode ir. Além disso, notavelmente, Bilbo não muda drasticamente, continua sentindo falta da comodidade de sua casa: Não há cisão com seu lado Bolseiro. 

 

Bilbo acordou com o sol da manhã em seu rosto. O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit

Bilbo em ilustração original de Tolkien [imagem ampliada]



4) O Caminho das Provações.

     Quando está no ninho das Águias, Bilbo sonhara que estava em casa, procurando por algo que não encontra. Este sonho é bastante significativo, se voltar para casa agora talvez passe a vida frustrado procurando por algo que só a sua aventura poderia ter lhe dado (E veja que aqui não estou falando só do Um Anel, mas também da jornada individual de autodescoberta, sobre quem Bilbo de fato é!). 

    O sonho revela que, ele até deseja voltar pra casa, mas se fizer isto antes de chegar ao fim da aventura, poderá passar a vida se questionando: ‘mas e se...?’. Isso atemoriza Bilbo, que então fica decidido a prosseguir. 

    A partida de Gandalf em direção ao Conselho Branco e para Dol Guldur foi um "artifício de trama" para que Bilbo e os anões não tivessem mais a figura protetora do mago e Bilbo pudesse se tornar o protagonista que foi criado para ser, como o próprio Tolkien afirmou, e por isto o enredo não acompanha o mago para sua jornada individual e menciona-a apenas de forma muito breve. Veja:

Era a hora de Gandalf também dizer adeus. Bilbo se sentou no chão, sentindo-se muito infeliz e desejando estar junto do mago em seu grande cavalo.

“Adeus!”, disse Gandalf a Thorin. “Adeus a vocês todos, adeus! Direto através da floresta é o caminho agora. Não se desgarrem da trilha!”

“Temos mesmo de atravessar a mata?” gemeu o hobbit.

“Sim, têm!”, disse o mago, “se quiserem chegar ao outro lado. Ou atravessam ou desistem de sua demanda. E não vou permitir que volte atrás agora, Sr. Bolseiro. Fico envergonhado pelo senhor por pensar nisso. Você tem de tomar conta de todos esses anões para mim”, riu-se ele.

“Não! não!”, disse Bilbo. “Não foi o que eu quis dizer. Quero dizer, não há como dar a volta [sem ter de passar na mata]?”

“Há, se você não se importar em sair do seu caminho umas duzentas milhas para o norte, e duas vezes isso para o sul. Mas você não acharia uma trilha segura mesmo assim”.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.

    Neste momento vemos que Bilbo, embora muitas vezes almeje retornar quando puder a seu confortável lar, já esta decidido a ir até o final dessa aventura ...

…Bilbo se alarma para dizer “não! Não! Não foi o que eu quis dizer”, na intenção de corrigir Gandalf que insinuou que Bilbo queria voltar pra casa, quando não era realmente isto que estava no coração do Hobbit. Por outro lado, Gandalf parece ter certeza de que Bilbo será imprescindível em “tomar conta dos anões”. E é verdade…

    É na Floresta das Trevas/Trevamata onde Bilbo ganha o respeito dos outros, salvando-os das aranhas e do aprisionamento nas masmorras élficas. Ganha autonomia e demonstra ousadia para enfrentar desafios, tendo espírito de superação. Então Bilbo se sente importante por vencer os obstáculos e ajudar verdadeiramente seu grupo, ele consegue o que almeja desde o fracasso com os Trolls.

    Curiosamente é neste capítulo que o narrador informa-nos que Bilbo não era um simples Hobbit que vivia sossegado, afinal, para quê Bilbo precisaria das seguintes habilidades senão para provar que seu lado Tûk estava ansioso por uma aventura? Veja:

Bilbo tinha pontaria bastante boa com pedras e não lhe tomou muito tempo achar uma pedra ótima, lisa e com forma de ovo, que se encaixou na sua mão perfeitamente. Quando era menino, costumava praticar o arremesso de pedras em objetos, até que coelhos e esquilos, e mesmo aves, passaram a sair do seu caminho, rápidos feito relâmpago, se o viam se abaixar; e, mesmo já crescido, tinha gastado parte de seu tempo com jogos de argolas, arremesso de dardos, arco e flecha, bocha, boliche e outros jogos tranquilos do tipo que envolve mirar e atirar, de fato, ele conseguia fazer muitas coisas além de soprar anéis de fumaça, inventar adivinhas e cozinhar, coisas das quais não tive tempo de contar a vocês.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.

    De todo modo, o Bilbo que entrou na Floresta das Trevas é um Bilbo "diferente" daquele que saiu. É o segundo grande momento de mudanças internas do personagem: é quando Bilbo batiza sua espada de "ferroada" e se torna um valioso membro para seu grupo, sem o qual a companhia de anões não teria sobrevivido. Agora o grupo já o vê, senão como um igual, como alguém em quem se pode contar e confiar. 

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    O Bilbo que saiu da Floresta das Trevas é capaz de liderar e impetuoso o suficiente para ficar cara a cara com um dragão. Veja:

“De alguma forma, matar essa aranha gigante, completamente sozinho no escuro, sem a ajuda do mago ou dos anões ou de mais ninguém, fez uma grande diferença para o Sr. Bolseiro. Ele sentiu-se uma pessoa diferente, e muito mais feroz e ousada apesar do estômago vazio, enquanto limpava a espada na grama e a colocava de volta na bainha. 'Vou dar-lhe um nome', disse ele, 'vou chamá-la de Ferroada.' ”

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


E após Bilbo salvá-los das aranhas:

“Com isso você pode ver que eles tinham mudado totalmente de opinião em relação ao Sr. Bolseiro e tinham começado a ter grande respeito por ele (como Gandalf dissera que aconteceria). De fato, elogiaram-no tanto que Bilbo começou a sentir que realmente havia algo de aventureiro e ousado em si mesmo afinal, embora pudesse se sentir bem mais ousado se houvesse algo para comer”.


Bilbo após retirar os anões de suas celas nas masmorras élficas:

“‘Estou impressionado!’ disse Thorin ao hobbit (a respeito de quem ele começava a ter uma opinião das mais elevadas, aliás) quando Bilbo sussurrou-lhe que saísse e se juntasse a seus amigos. ‘Gandalf falou a verdade, como de costume! Você se transforma num gatuno esplêndido, ao que parece, quando chega a hora. Tenho certeza de que todos estaremos para sempre a seu serviço, o que quer que aconteça depois disso. Mas o que vem agora?’”.


Após entrarem na Montanha Solitária:

“(…)Eles passaram a respeitar o pequeno Bilbo. Agora ele se tornou o verdadeiro líder de sua aventura”.

J.R.R.Tolkien, O Hobbit.


 

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5) Preparando-se para o Apogeu.

    O dragão foi uma grande "promessa narrativa", mas o melhor dele na trama foi o diálogo que teve com o pequeno Bilbo: Muitos leitores reclamam acerca da morte rápida do dragão porque não se atentaram que ele é mero MacGuffin. Era necessário para que fazer com que o Hobbit saísse para a aventura, dando-lhe um objetivo, mas o Dragão deixou de ser necessário após Bilbo falar com ele...

…Não cabe a Bilbo lutar com Smaug, muito menos matá-lo. Isso ocorre porque Bilbo não é o clássico herói guerreiro durão destinado a ter um embate épico com o dragão, por isso ele foi contratado como ladrão, para que pudesse furtar o máximo que pudesse do ouro, apenas. É o próprio Bilbo que lembra isso aos anões, veja:

“‘Eu não fui contratado para matar dragões, isso é trabalho de guerreiro, mas para roubar um tesouro. Comecei da melhor maneira que pude. Vocês esperavam que eu voltasse trotando com o tesouro inteiro de Thror nas minhas costas? Se alguém devia estar resmungando, acho que poderia ser eu. Vocês deviam ter trazido quinhentos ladrões, não um. Tenho certeza de que este cenário traz grande crédito ao seu avô, Thorin, mas você não pode fingir que alguma vez deixou clara a vasta extensão da riqueza dele para mim. Eu ia precisar de centenas de anos para trazer tudo para cima, isso se eu fosse cinquenta vezes maior, e se Smaug fosse manso feito um coelho’.”

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


   Obs: Acredito que foi por isso que a trilogia de filmes fez com que a missão de Bilbo fosse apenas roubar a Pedra Arken, tornando mais plausível o motivo deles precisarem apenas de um ladrão sorrateiro e quieto. No livro, os anões pretendiam pegar um pouco de ouro e ir embora, se as profecias não se cumprissem magicamente e o Dragão não fosse morto [ou se Gandalf não chegasse para ajuda-los], eles voltariam para o lugar de onde vieram. O que parece um plano imprudente, até Smaug zomba disso no livro, não é só uma observação minha não. Embora no cinema o objetivo fosse roubar a pedra para que Throrin reunisse um exército com direito de governar.

… Preciso salientar também que Bilbo não esta realmente roubando o Dragão, afinal aquela montanha e tesouros pertenciam outrora aos Anões, logo, Bilbo só esta reavendo parte do tesouro que lhes é devido por direito. É Smaug o usurpador, o verdadeiro ladrão.

    O contraponto de tamanho também é interessante, Bilbo é pequeno, o dragão é enorme, mas ainda sim o pequeno segue em frente e enfrenta-o. Bilbo já é alguém que tem garra e confiança em si mesmo agora. Veja este trecho de quando está prestes a entrar no covil de Smaug:

“‘Talvez eu tenha começado a confiar na minha sorte mais do que costumava confiar nos velhos tempos’ (…) Estava tremendo de medo, mas seu rostinho parecia determinado e sério. Já era um hobbit muito diferente daquele que tinha fugido de Bolsão sem nem um lenço no bolso”.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


    Também é no capítulo com Smaug, que Bilbo mostra do que consistirá o próximo arco da trama: A Ganancia. Veja que (antes de entrar e ver Smaug) Bilbo não se importava com tesouros, até olhar para um e cair em seu encanto, veja:

“‘Agora você finalmente vai se ferrar, Bilbo Bolseiro’ disse a si mesmo. (…) ‘Minha nossa, como eu fui e sou tonto!’ disse a parte menos Tûk do hobbit. ‘Não tenho absolutamente nenhum interesse por tesouros guardados por dragões, e tudo isso poderia ficar aqui para sempre se eu pudesse acordar e descobrir que esta porcaria de túnel é só meu salão de entrada lá em casa!’ Não acordou, é claro, mas continuou sempre em frente (…) seguir em frente depois disso foi a coisa mais corajosa que ele já fez” (…).

“(…) Bilbo ouvira as pessoas contarem e cantarem a respeito do ouro de dragões antes, mas o esplendor, o desejo, a glória de tal tesouro nunca tinha sido cogitada por ele até então. Seu coração ficou repleto e trespassado com o encantamento e o desejo dos anões; e ele pôs-se a fitar imóvel, quase esquecendo o aterrorizante guardião (o dragão), aquele ouro além de qualquer preço ou conta”.

J.R.R.Tolkien, O Hobbit.

    O diálogo de Bilbo com o dragão nos mostra um Hobbit já muito confiante em si mesmo (excessivamente superconfiante, Bilbo está sendo muito Tûk), longe de uma realidade que lhe é própria. Isso fica evidente quando Smaug esta tentando abalar a confiança de Bilbo nos Anões e tenta frustrar toda a aventura que tiveram até ali ao afirmar que nunca conseguiriam retirar o tesouro e levá-lo de volta de onde vieram, o Hobbit tem a audácia exagerada e eloquente de dizer: 

“‘Preciso contar ao senhor’, disse Bilbo, num esforço para se manter leal a seus amigos e não se desanimar, ‘que o ouro foi só um acessório no nosso caso. Viemos por sobre os montes e sob os montes, por onda e vento, em nome da Vingança. Decerto, ó Smaug, o incalculavelmente rico, o senhor deve imaginar que seu sucesso lhe granjeou alguns inimigos implacáveis’”.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


    No final do diálogo com o Dragão, depois de quase ser incinerado, Bilbo teve que se lembrar de sua própria prudência e humildade:

“‘Nunca ria de dragões vivos, Bilbo, seu tolo!’ ele disse a si mesmo, e tornou-se um de seus ditados favoritos mais tarde, e passou a ser um provérbio”.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


    A morte do dragão poderia vir pelas mãos dos anões, mas a trama seria muito simples se, ao atingir o objetivo, o grupo conseguisse o que desejava. Os anões recuperariam seu reino e tesouro, final feliz: Porém, esta não é uma trama baseada nos épicos clássicos, onde figuras heroicas através da força e coragem buscam riqueza, orgulho e fama, elevando-se.

    Então o foco narrativo muda: um personagem coadjuvante recém-adicionado mata o dragão (Bard), e traz consigo tramas que envolvem não só os reinos dos humanos e dos anões, mas também dos elfos.

    É bom lembrar que foi Bilbo quem descobriu a fraqueza de Smaug, durante sua conversa com o temido dragão: Informação levada a Bard por um pássaro, e sem a qual o homem não teria o juízo para matar a fera...

...Mas, agora, todos se dirigem para aquele mar de riquezas, e todos com o objetivo de verificar quem tem mais direito aos espólios da Montanha Solitária.

“Bilbo, é claro, desaprovava toda essa reviravolta. A essa altura, ele já estava farto da Montanha, e enfrentar um cerco dentro dela não era nada do seu agrado. ‘O lugar todo ainda cheira a dragão’, ele murmurou para si mesmo, ‘e isso me deixa enjoado’”.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


  

O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit

6) Apoteose.

    Vemos Bilbo arrebatando a pedra Arken, "Ele colocou no bolso" e não contou a ninguém o que havia feito, e sabe que está fazendo algo errado, sabia que Thorin a queria e ainda sim furtou dele (é completamente diferente da Trilogia de Filmes homônima, onde Bilbo pegou a pedra e manteve-a por temer exacerbar o comportamento possessivo de Thorin sobre o tesouro e reino. No livro a atitude é bem menos nobre, pegou-a por interesse, encantou-se por ela).

    No entanto, é interessante que todos os outros personagens também pareçam interessados, encantados, obcecados com os espólios da Montanha, desde Anões, até Elfos e Humanos.

    O "arco da ganância" surge como o foco central: por que Bilbo, um hobbit próspero em Bolsão, é tão obcecado pela pedra? Por que Thorin está tão inclinado a entrar em guerra por um punhado de tesouros brilhantes? E por que Thranduil sitiou a Montanha com um exército? Talvez os humanos fossem, naquele momento, os que mais precisavam de ouro, mas estavam dispostos a lutar por ele, caso o diálogo falhasse.

    É quando o protagonista, na urgência de seu anseio, é levado a se libertar dos ideais gananciosos e violentos ao seu redor (ele precisa esquecer a própria ganancia e impedir os outros também) e assumir o papel de sensatez...

…É um período de transições e transformações internas para Bilbo, onde é necessário tomar decisões importantes com base em quem ele é e em quem ele quer se tornar. É seu terceiro e último momento de crescimento na narrativa: então Bilbo se vê pensando que abriria mão de todo o tesouro da montanha em favor de estar em seu buraco seguro, tranquilo e confortável.

“De qualquer forma, Bilbo sentiu que a aventura estava, propriamente falando, terminada com a morte do dragão – na qual ele estava muito enganado e ele teria dado a maior parte de sua parte nos lucros para a resolução pacífica da situação. (...)

(…) Bilbo ansiava por escapar da fortaleza escura (a Montanha Solitária) e descer e juntar-se à alegria e ao banquete junto às fogueiras (com elfos e humanos). Alguns dos anões mais jovens também ficaram comovidos em seus corações e murmuraram que desejavam que as coisas tivessem acontecido de outra forma e que pudessem receber essas pessoas como amigos; mas Thorin fez uma carranca”

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


    Bilbo não aprecia mais o Condado por seu conjunto de regras sociais "respeitáveis" às quais ele fingia obedecer. Ele sente falta das coisas que realmente importam. Curiosamente, quem ele quer "se tornar" é justamente oque ele já era: um Hobbit pacífico e complacente, mas agora ele realmente aprecia isso do jeito que realmente deveria!

    Assim, tendo tomado a pedra num momento de astúcia e pouca lucidez moral, agora Bilbo recupera suas virtudes, agindo como o Hobbit que no fundo de seu coração sempre foi: É quando ele se vê disposto a dar a pedra como refém, tentando obrigar o descompensado Thorin a pagar o que devia aos outros.

    Bilbo não agiu da forma mais heroica ao pegar a pedra, ele não é um personagem perfeito, embora seja capaz de apresentar a ação moral mais aceitável no final.

    É uma ideia equivocada, pois mesmo que Thorin dividisse justamente o tesouro com todos em troca da pedra, ainda guardaria rancor e os reinos jamais se entenderiam. Mas o ponto importante é: Bilbo é o único entre anões, elfos e humanos, que está tentando uma solução que levaria ao menor derramamento de sangue, preservando vidas. Enquanto Thorin quase fere Bilbo e quer uma guerra, tudo por uma boba pedra brilhante e um tesouro grande o suficiente para suprir as necessidades de todos ali.

    Então, mesmo que Bilbo tenha pegado a pedra por astúcia, quando cai em si e se preocupa com o que realmente importa é mais tarde admirado por anões, elfos e humanos. Olhe:

"'Estou apenas tentando evitar problemas para todos os envolvidos', disse Bilbo. (...) 'Esta é a Pedra Arken de Thrain. O Coração da Montanha; e é também o coração de Thorin. Ele o valoriza acima de um rio de ouro. Eu dou para você [como minha parte no tesouro]. Isso irá ajudá-lo em sua negociação' (...)

“O Rei Élfico (Thranduil) olhou para Bilbo com uma nova admiração. ‘Bilbo Bolseiro!’ ele disse. ‘Você é mais digno de usar a armadura de príncipes élficos (cota de malha de mithril) do que muitos que pareciam mais bonitos nela’ (...) e enquanto ele ia, o rei e Bard o saudaram com honra.

Um velho envolto em um manto escuro levantou-se da porta de uma tenda onde estava sentado e veio em direção a eles. ‘Muito bem! Sr. Bolseiro!’ disse ele, batendo nas costas de Bilbo. ‘Há sempre mais sobre você do que qualquer um espera!’ disse Gandalf (Quando Bilbo lhes dá a Arkenstone)”.

J.R.R.Tolkien, O Hobbit.


    Bilbo se vê como um simples Hobbit que quer conforto e paz, que usa sua vontade e o que tem à sua disposição para agir pelo bem comum, tenta fazer prevalecer o bem de todos ao seu redor, sem que haja disputa e guerra pelo tesouro. Essas são as virtudes que ele descobre sobre si mesmo, é o que o eleva à apoteose heroica.

    E vamos recordar que Bilbo não acreditava estar traindo os Anões, tanto é que retornou para a montanha [Erebor] para ficar ao lado de seus companheiros de jornada. Ao dar a Pedra Arken, Bilbo acreditava estar discordando dos amigos Anões na ideia deles de não-negociação, apenas isso, acreditava que entregar a pedra forçaria Thorin a negociar, para o bem de todos. O hobbit não imaginava que sua atitude seria tão mal recebida, ainda mais porque ele deu a pedra como sua parte no tesouro, logo acreditava estar sendo um “Ladrão Honesto” quanto a isso e ainda fazendo a coisa correta para todos os envolvidos.

    Pegar a Arkenstone poderia ser sua ruína, mas com ela Bilbo se eleva, expondo suas virtudes (virtudes que mais ninguém ali demonstrou). Principalmente Thorin, que conhecia Bilbo e tinha-o como integrante de seu grupo. Veja:

“‘Como a achou?’, gritou Thorin, em fúria crescente [ao ver a pedra com Bard]

‘Eu a dei a eles!’, guinchou Bilbo, que estava espiando por cima da muralha, a essa altura com um medo terrível.

‘Você! Você!’, gritou Thorin, voltando-se para ele e agarrando-o com as duas mãos. ‘Seu hobbit miserável! Seu... ladrãozinho!’, gritou, quase sem achar palavras, e sacudiu Bilbo como se ele fosse um coelho. ‘Pela barba de Durin! Queria que Gandalf estivesse aqui! Maldito seja por ter escolhido você! Que a barba dele definhe! Quanto a você, vou jogá-lo nas pedras!’, gritou, levantando Bilbo em seus braços.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


    O desejo pelo ouro e o orgulho dominava a todos, mas só Bilbo percebeu que aquilo não era a melhor coisa do mundo, e isso deixa Anões, Elfos e Humanos maravilhados com a lição do pequeno Hobbit. É isso que faz de Bilbo o protagonista da trama, não os outros. Portanto, a posterior, Thorin precisa reconsiderar e se reconciliar com Bilbo antes de morrer. Veja:


"Lá estava Thorin Escudo de Carvalho, ferido com muitos ferimentos, e sua armadura perfurada e seu machado entalhado jogado no chão. Ele olhou para cima quando Bilbo veio ficar ao lado dele.

‘Adeus, bom ladrão”, disse Thorin. ‘Vou agora para os salões de espera sentar-me ao lado de meus pais, até que o mundo seja renovado. Uma vez que agora deixo todo ouro e toda prata, e vou aonde são de pequena valia, desejo me despedir de você em amizade e queria retirar minhas palavras e ações no Portão’.

Bilbo se apoiou em um dos joelhos, cheio de tristeza. ‘Adeus, Rei sob a Montanha!’, disse. ‘Esta é uma aventura amarga, se tem de terminar assim; e nem uma montanha de ouro pode torná-la boa. Contudo, estou contente de ter partilhado de seus perigos, isso foi mais do que qualquer Bolseiro merece’.

‘Não!’, disse Thorin: ‘Há mais coisas boas em você do que você imagina, filho do bondoso Oeste. Alguma coragem e alguma sabedoria, combinadas na medida. Se mais de nós valorizássemos comida, alegria e música acima do ouro acumulado, seria um mundo mais feliz. Mas triste ou alegre, devo deixá-lo agora’".

Então Bilbo deu meia-volta e saiu sozinho, se sentou sozinho embrulhado num cobertor e, acredite você ou não, chorou até seus olhos ficarem vermelhos e sua voz ficar rouca. Ele era uma alminha gentil. De fato, demorou antes que tivesse coragem de contar uma piada de novo.

‘Foi por misericórdia’, disse ele para si mesmo, ‘que acordei na hora certa. Queria que Thorin estivesse vivo, mas estou contente que nos separamos de modo gentil. Você é um bobo, Bilbo Bolseiro, e fez uma grande bagunça com aquele negócio da pedra; e houve uma batalha, apesar de todos os seus esforços para adquirir paz e quietude’ (…)”.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


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7) Recuo.

    Sim, houve uma guerra. Não é a "ideia rebuscada de Bilbo em usar a Arkenstone como refém" que "salva o dia". Não! É o inconveniente da chegada de um inimigo comum, que obriga Anões, Elfos e Humanos a deixarem a ganância e a contenda de lado, percebendo que são mais fortes se trabalharem juntos, em união.

    Há uma retomada da trama, Bilbo já cresceu internamente o máximo que pôde como personagem: E ele não estava totalmente certo em usar a pedra como refém, afinal, ela trouxe a ruptura da fé que Thorin passou a nutrir por ele.

    Quando o "artifício da trama" traz outra solução para o conflito, é para mostrar que embora Bilbo seja o protagonista, e tenha virtudes, ele ainda tem suas limitações e defeitos (tanto que, ao final, até o próprio Hobbit admite que fez uma bagunça com a situação da Arkenstone).

    Não estava em seu poder "salvar o dia", porque ele é apenas um simples hobbit: Tanto é assim que, no final quando Gandalf diz que Bilbo é apenas um "pequeno hobbit em um mundo muito grande", Bilbo fica feliz por isso, em humilde aceitação de quem ele é.

    Estou falando aqui da famosa dupla identidade dos heróis modernos, o que o herói é com sua máscara e o que realmente é como civil: Bilbo também tem essa duplicidade, vista pelos lados Tûk e Bolseiro.

    Do lado de Tûk vem a coragem, o ímpeto e a ousadia para enfrentar os desafios que a vida e as situações lhe impõem. Mas é no desempenho da sua vida civil, no lado Bolseiro, que surgem as competências que o fazem voar alto: é o lado Bolseiro que confere sentido de dever e responsabilidade, e é isso que mantém as virtudes de Bilbo, apesar dos seus problemas e falhas pessoais.

    A mistura entre Tûk e Bolseiro é o que torna Bilbo quem ele é de fato. É por isso que Thorin diz "Alguma coragem e alguma sabedoria, combinadas na medida".

    Bilbo, em sua jornada de autodescoberta, não precisou cindir com nenhuma parte dele mesmo ao final, pelo contrário: precisou deixar vir a tona, explorar, entender, refletir e aceitar cada um de seus lados, cada uma das nuances de sua personalidade, com acertos e falhas. Ele não se encontrou abdicando parte de si, ele se encontrou ao conseguir INTEGRAR cada parte de si.

 

8) O Retorno.

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    O arco do personagem de Bilbo está fechado, de um Hobbit que queria viver sua aventura porque não se conformava com todas as normas "respeitáveis" do Condado e que não conseguia abdicar sua veia aventureira do seu lado Tûk, para se tornar um Hobbit que tem autoestima e também o respeito de todos ao seu redor (com exceção do respeito dos outros hobbits quando retornar)...

…Agora Bilbo tem o mais importante, a redefinição de seus princípios morais, suas virtudes: um hobbit que sabe que a beleza do Condado não é a respeitabilidade que os Hobbits pensam ter, mas a paz e a apreciação das coisas simples. Bilbo se encontra no final de sua aventura, assim não importa que os outros hobbits não pensem mais nele como um respeitável Bolseiro e digam que ele é um "Bolseiro louco" ou "Bilbo louco"...

…Ele não precisa que as pessoas lhe digam quem ele é, ele agora sabe por si mesmo. Bilbo alcança a autorrealização, ele não tem apenas autoestima, mas sabe em que se baseia sua identidade, sua personalidade moral, e agora tem uma vida que faz sentido para ele. Sabendo quem é, ele mantém o equilíbrio entre seu lado Bolseiro e Tûk.

     Entretanto, lembre-se também que toda a jornada não era apenas para desenvolver Bilbo como personágem, tinha uma estória maior por trás. Recorde porque Gandalf empreendeu tanto com essa demanda dos anões e com Bilbo:

 

“Eu estava muito perturbado naquela época”, explicou Gandalf, “pois Saruman estava impedindo todos os meus planos. Eu sabia que Sauron se erguera de novo e logo iria declarar-se, e sabia que ele se preparava para uma grande guerra. Como começaria? Tentaria primeiro reocupar Mordor, ou primeiro atacaria as principais fortalezas de seus inimigos? Pensei na época, e agora tenho certeza disso, que atacar Lórien e Valfenda, assim que estivesse forte o bastante, era seu plano original. Teria sido um plano muito melhor para ele, e muito pior para nós.

Vós podeis pensar que Valfenda estava fora de seu alcance, mas eu não pensava assim. O estado de coisas no Norte estava muito ruim. O Reino sob a Montanha e os fortes Homens de Dale não existiam mais. Para resistir a qualquer tropa que Sauron pudesse enviar para recuperar as passagens do norte nas montanhas e as antigas terras de Angmar, havia apenas os Anãos das Colinas de Ferro, e atrás deles estendia-se uma desolação e um Dragão. O Dragão poderia ser usado por Sauron com efeito terrível. Muitas vezes disse para mim mesmo: ‘Preciso encontrar algum meio de lidar com Smaug. Mas um golpe direto contra Dol Guldur é ainda mais necessário. Temos de perturbar os planos de Sauron. Tenho de fazer o Conselho enxergar isso”.

J.R.R. Tolkien, Contos Inacabados


     E ainda que a aventura tenha trazido crescimento e autoconhecimento a Bilbo, bem como renome, tudo ficou melhor em todas as terras por onde ele andou. Assim, quando O Hobbit termina, tudo fica mais pacífico para todos (por um periodo de tempo, até que começe Senhor dos Anéis). Veja:

Os Goblins das Montanhas Nevoentas agora eram poucos e estavam aterrorizados e se escondiam nos buracos mais fundos que podiam achar; e os Wargs tinham desaparecido dos bosques, de modo que os homens das proximidades podiam sair sem medo. Beorn, de fato, se tornou um grande chefe naquelas regiões e governou a terra vasta entre as Montanhas Nevoentas e a Verde-Mata (outrora Trevamata).

... como estavam indo as coisas nas terras da Montanha. Parecia que estavam indo muito bem. Bard reconstruíra a cidade de Dale, onde agora reinava, e homens de toda parte tinham se juntado a ele, alguns vindos do Lago, outros do Sul e Oeste, e todo o lugar tinha voltado a ser cultivado e rico, a desolação agora estava repleta de aves e floradas na primavera e de frutas e banquetes no outono. E a Cidade do Lago tinha sido refundada e estava mais próspera do que nunca, e muitas riquezas subiam e desciam o Rio Rápido; e havia amizade, naquelas partes, entre elfos e anões e homens.

O novo Mestre da Cidade do Lago é de tipo mais sábio e muito popular, pois, é claro, recebe a maior parte do crédito pela presente prosperidade. Estão compondo canções que dizem que, nos dias dele, os rios correm cheios de ouro.

 J.R.R. Tolkien, O Hobbit

    A demanda de Gandalf em Dol Guldur espantou Sauron, que se refugiou em Mordor. Smaug foi morto. E a Batalha Dos Cinco Exércitos destruiu e caçou Goblins e Wargs, assim o mal foi contido naquela região. 

    E assim como é preciso lembrar que Sauron [e também Saruman] que procuravam o Um Anel por aquela região, jamais o encontraram dado que estava com Bilbo. E antes que alguém aponte que o hobbit manteve o Anel por muito tempo até que Sauron estivesse no auge novamente, lembre-se que não era tarefa de Bilbo saber o que era aquele anel (e que nem mesmo Gandalf reconheceu o objeto como o Um Anél, deixando-o com Frodo por mais 17 anos).

     Que o Anel tenha ficado com Bilbo, e posteriormente com Frodo, e não tenha caído em mãos erradas [e sim nas mãos daqueles que levariam-no a destruição] foi uma benção.

 

9) Liberdade para Viver.

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    O Bilbo Bolseiro que retorna ao Condado volta para casa mudado ou transformado, como dizem as jornadas do herói: Ele está fisicamente de volta onde começou, mas não é o mesmo por dentro. Pode-se dizer que Bilbo é um Hobbit simples, mas não um hobbit comum do Condado (ele nunca foi) e agora a jornada que viveu demarca isso mais do que nunca.

    Existem falácias, entre os Hobbits do Condado (e entre alguns fãs), de que Bilbo se tornou louco e um mentiroso compulsivo: isso não é verdade.

    Os hobbits que o chamam de "louco" são os mesmos que roubaram seus bens a pretexto de leilão, os mesmos que nem demonstraram alegria em vê-lo vivo, bem, são e salvo, os mesmos que o trataram mal e fofocaram sobre ele por anos sem simpatizar com seus sentimentos. Os hobbits que afirmam ser os mais "respeitosos do Condado" parecem ser também os mais mesquinhos e passivo-agressivos.

    A Sociedade do Anel aponta que Bilbo era um péssimo manejador de um “Anel Perverso”, não apenas porque poupou a vida de Gollum, mas também porque: Dava grandes e animadas festas, com muita comida e entretenimento para todo o Condado, convidando e dando presentes a todos que aparecessem. Ele também era liberal com dinheiro e ajudava os necessitados. E embora ele resmungasse mal-humorado com aqueles que fofocavam negativamente sobre ele, bem como parentes egoístas, Bilbo NUNCA realmente desejou mal a alguém.

    Bilbo ainda é uma criatura muito ética e moralmente aceitável: é bom lembrar, apesar de alguns de seus companheiros Hobbits afirmarem o contrário. A atenção do leitor é necessária quanto às virtudes que tornam Bilbo distinto de outros "Hobbits comuns" respeitáveis.

    Quanto à mentira compulsiva? Dizer que Bilbo é um mentiroso dissimulado é um exagero. A única mentira que Bilbo contou foi para Gandalf, Frodo e os anões (e talvez, possivelmente, aos Elfos): foi sobre como ele adquiriu o Anel, foi a única mentira dele, e o Condado nunca soube do Anel, então Bilbo nunca mentiu para o Condado...

...Chamá-lo de "grande mentiroso" por causa dessa única mentira é um exagero ou generalização, Lobelia Sacola-Bolseiro e muitos outros Hobbits também inventaram mentiras e disseram que o Hobbit que voltou era um impostor em vez de Bilbo, ou que Bilbo vivia em túneis cheios de ouro, e nenhum fã fala sobre suas mentiras e pequenos delitos com tanta convicção quanto falam sobre Bilbo.

E mesmo Bilbo explica sobre porque mentiu sobre o Anel:

“‘Peço que a esqueçam[a mentira] e me perdoem. Naqueles dias eu só queria reivindicar o tesouro para mim de modo que parecesse justo e me livrar da alcunha de ladrão que me impuseram” (Bilbo está se justificando, pois mentiu ao dizer que adquiriu o Anel num jogo de advinhas onde o objeto lhe seria dado ao vencer).

J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis.


(...) E vamos falar de Frodo e Bilbo. Gollum ao obter o Anel, depois de matar por ele, se tornou indiferente, violento e recluso. Bilbo, por sua vez, adotou Frodo. E Frodo ama Bilbo. Ele, ao chegar a Valfenda, até diz a Glóin que preferia ver Bilbo novamente do que qualquer reino do mundo. Bilbo tratou Frodo com amor.

    Os hobbits que assistem Bilbo com admiração falam do "velho Bilbo" com carinho, eles podem cantar suas canções, ouviram suas histórias, até Samwise Gamgee foi ensinado a ler por Bilbo, assim como Frodo conhece um pouco da língua élfica e algumas histórias, como também Peregrin Tûk e Meriadoc Brandybuck. Ou seja, não só Frodo ama Bilbo. Mas também Sam, Merry e Pippin também têm coisas boas a dizer sobre Bilbo Bolseiro.

    Com qualquer um disposto a deixá-lo ser ele mesmo Bilbo se permitiu ser um bom amigo: ele não se isola depois de adquirir o Um Anel, apenas mantém por perto aqueles que se dispõem a estar perto dele verdadeiramente. Bilbo aceita quem o aceita de volta, aqueles que honestamente permitem que troquem histórias aventurescas e experiências entre si.

    O "desaparecer na frente dos Hobbits durante a pegadinha da festa" é mais simbólico do que maléfico: quem não quer desaparecer na frente de pessoas que nos incomodam? Bilbo tolerou fofocas desagradáveis por muito tempo, até que decidiu "rir por último".

    Bilbo não se molda mais aos costumes do Condado, ele é cordial com todos até onde pode estender seu senso de etiqueta, mas ele só se abre verdadeiramente para aqueles que o aceitam como ele é, aqueles que verdadeiramente apreciam sua companhia.

    Resumindo: Bilbo interage calorosamente com as pessoas e com o mundo ao seu redor, dependendo de como o tratam, e quem não é assim?

O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit
Velho Bilbo em artwork dos filmes

 Mas só porque Bilbo não se adéqua a algumas normas sociais e comportamentais da comunidade Hobbit, é chamado de "Bilbo louco" por alguns. Mas vamos ser sinceros, isso não o torna realmente louco ou mau.

    Em algum lugar entre O Hobbit e Senhor dos Anéis, Bilbo se torna um estudioso que adora conhecer, traduzir e recontar contos, musicas e poemas, seus ou de outras pessoas. E de qualquer forma, ainda tem as raízes aventureiras de seu lado Tûk da família, que nunca foi compreendido no Condado…

    Bilbo é diferente do que era no começo porque agora ele é capaz de fazer coisas que lhe dão prazer. Bilbo não tem medo de fazer coisas que o deixam feliz, ao invés de tentar se adequar às regras sociais impostas. Isso horroriza os outros Hobbits, mas não deveria horrorizar o leitor, que Bilbo seja livre para ser quem é.

 

O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit
Ian Holm e Martin Freeman como Bilbo, artwork dos filmes

10) Mestre dos Dois Mundos.

    Bilbo é um Hobbit e está feliz por ser um, à sua própria maneira. Mas se na aventura Bilbo redescobriu do que é feita sua índole, para outros tal aventura lhe deu notoriedade, depois dela colhe amizades, estima e proteção. A fama do Hobbit simples que marchou corajosamente com os anões para Erebor, estendeu-se das Montanhas Azuis às Colinas de Ferro.

 "É verdade que, pelo resto da vida, continuou a ser um amigo-dos-elfos, e era honrado por anões, magos, humanos e toda a gente desse tipo".
 J.R.R. Tolkien, O Hobbit

    Os Hobbits do condado dizem que Bilbo ia para longe e voltava varias vezes (oque explica algumas coisas, nota-se que entre os livros O Hobbit e Senhor dos Aneis Bilbo obteve novos conhecimentos). (...)

(…) Alguns presentes que ele distribuiu em seu aniversário de 111 anos vieram de Dale. Anões o acompanharam quando ele deixou Bolsão pela segunda vez, e ele visitou Dale e provavelmente Erebor (embora ele afirme que Balin não estava mais lá). Mesmo quando Os servos de Sauron chegaram à montanha perguntando por um Hobbit, Anões e Homens ficaram calados, veja:

“Conta Gimli: O Senhor Sauron, o Grande, assim disse ele, desejava nossa amizade. Dar-nos-ia anéis por ela, assim como fizera outrora. E perguntou com urgência acerca de hobbits, de que espécie eram e onde habitavam. ‘Pois Sauron sabe’, disse ele, ‘que um deles foi conhecido por vós em certa época.’ Diante disso ficamos extremamente preocupados e não demos resposta. (…) E assim, portanto, fui finalmente enviado por Dáin para avisar Bilbo de que o Inimigo está à sua busca (…)

J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis


    E Bilbo também passa a residir em Valfenda, onde passa a ser guardado e protegido, e onde parece ser querido e bajulado por Elrond e outros elfos. Bilbo agiu de forma amigável com Aragorn (quem parecia tê-lo como amigo) e foi Bilbo quem criou o poema que rendeu o verso: "Nem todos os que vagam estão perdidos".

    Bilbo perdeu o respeito entre a maioria dos hobbits, mas ganhou valorosos amigos entre anões, elfos e humanos. Bilbo é um simples hobbit, mas também passa a conhecer e ser aceito entre os círculos sociais dos povos mais notórios da Terra-Média. Ele pode desfrutar do melhor dos dois mundos.

    Bilbo era tido como um Hobbit notável para todos os que o conheciam, isto é, até que também conhecessem Frodo, Samwise, Merry e Pippin. Frodo é incrível por aceitar o sacrifício de levar o Um Anel à destruição. Sam é incrível por sua lealdade a Frodo, Merry e Pippin são incríveis porque são valentes, mesmo não entendendo o perigo que correrão.

    Quando Frodo parte em sua jornada para destruir o Um Anel, Bilbo não entende exatamente o que a jornada envolve. Ele nem mesmo considera que Frodo pode não voltar: Bilbo é tão alheio e ingênuo que pensa que Frodo está embarcando em uma jornada aventureira de autodescoberta (como foi a jornada do próprio Bilbo).

    Por mais que Bilbo tenha se oferecido para ir também (embora tenha dito de forma brincalhona, ele era verdadeiramente honesto em sua oferta em levar o Anel. Porém foi recusado, sua aventura já chegara ao fim). Mas veja como ele é um pouco como Merry e Pippin: Bilbo entende que o anel é um fardo, mas realmente não entende que Frodo está fazendo uma jornada de sacrifício, não uma aventura. Mas por que?

    Sua ingenuidade em acreditar que Frodo está "apenas indo para uma aventura" é explicável: Bilbo é um Hobbit cujo propósito é escrever um livro de aventuras, por isso ele diz a Frodo "não demore muito" e "traga o máximo de informações que puder possível compor o livro". E lembre-se; para Bilbo, este é um livro cujo final deve ser "viveu feliz para sempre até o fim de seus dias".

“…Que tal me ajudar com meu livro e começar o próximo? Você já pensou em um final? [Disse Bilbo para Frodo]

“Sim, vários, e todos são sombrios e desagradáveis,” disse Frodo.

“Ah, isso não serve!” disse Bilbo. “Livros devem ter bons finais. Como isso funcionaria: e todos eles se estabeleceram e viveram felizes para sempre?”

“Vai servir, se chegar a esse ponto,” disse Frodo.

“Ah!” disse Sam. “E onde eles vão viver? Isso é o que muitas vezes me pergunto.”

J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis.

    Esse trecho marca como a mente de Bilbo associa a felicidade à plenitude, mostra também como ele tem desejos utópicos, pois é somente nos Contos de Fadas, após uma trama sofrida, que o sucesso heroico é recompensado com promessas de felicidade eterna.

    Nos Contos de Fadas, há uma constante de que o sofrimento do herói é necessário para obter a felicidade que lhe será concedida no futuro. É por causa dessa crença que Bilbo é um hobbit adulto com simples sonhos de felicidade até o fim de seus dias, há nele um contentamento com a ideia de um futuro que promete felicidade, após a superação das dificuldades (ao menos, é nisso que ele quer acreditar).

    É quase infantil, mas otimista. E quem não gostaria de acreditar nisso?

    Pensando assim, Bilbo tem então a esperança de que Frodo retornará ao desejado “final feliz”: a mente de Bilbo não pode configurar outra coisa senão isso. A apresentação disso em A Sociedade do Anel retrata Bilbo como um elo entre a fantasia dos contos de fadas e as duras realidades do mundo.

 

O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit
Ian Holm interpretando Bilbo com o Um Anel

11) Extra - Provação suprema.

    Um apêndice sobre a relação de Bilbo com o Um Anel: É preciso lembrar que Bilbo conseguiu deixá-lo (com um empurrão de Gandalf). Antes de Bilbo deixar o Anel, ele fica bravo com Gandalf por um momento e quase fica agressivo, mas veja que no final é Bilbo quem OFERECE o anel para Gandalf. É notável que a vontade de Bilbo em deixar o Anel era maior que a vontade de tê-lo pra si, mesmo que estivesse décadas com o item. Veja:

 "Bem, se você quer meu anel, diga!" gritou Bilbo "Mas você não vai consegui-lo. Não vou dar-lhe meu precioso, eu garanto" Sua mão foi até o punho de sua pequena espada de nome ferroada/Sting. (…)
(...) Gandalf respondeu. (...) "Não estou tentando roubá-lo, mas sim ajudá-lo. Gostaria que você confiasse em mim, como costumava confiar antes".
Ele se abrandou e a sombra passou, pareceu reduzir-se novamente a forma de um velho grisalho, curvado e perturbado.
Bilbo passou a mão sobre os olhos. "Sinto muito”, disse ele. “Mas eu me senti tão estranho. E, no entanto, seria um alívio não se preocupar mais com esse Anel. Isso tem tomado muito minha mente ultimamente. Às vezes sinto como se um olho me observasse" (...).
“Então confie em mim”, disse Gandalf. "Vá embora e deixe isso para trás. Pare de possuí-lo. Dê-o a Frodo e eu cuidarei dele". (...).
Bilbo ficou por um momento tenso e indeciso. Depois ele suspirou. "Tudo bem" disse com esforço. (...)

“Você ainda está com o anel no bolso”, reiterou o mago.

“Ora, estou sim!”, exclamou Bilbo. “(...) É melhor você pegá-lo e entregar em meu nome. Isso será o mais seguro.”

“Não, não me dê o anel”, disse Gandalf. “Ponha-o no consolo da lareira. Lá ficará bem seguro até que Frodo chegue. Vou esperar por ele.”

Bilbo tirou (...), mas bem quando estava prestes a colocá-lo junto ao relógio sua mão se afastou repentinamente, e (...) caiu no chão. Antes que ele pudesse apanhá-lo o mago se inclinou, pegou-o e o pôs no lugar. Outra vez um espasmo de raiva passou depressa pelo rosto do hobbit. De repente ele cedeu a um olhar de alívio e uma risada.

“Bem, é isso”, encerrou ele. “Agora me vou!” (…) “Que divertido! que divertido partir outra vez pela Estrada (...) Era por isto mesmo que eu estava ansiando durante anos! Adeus!” (…) "Agora estou feliz como jamais estive, e isso quer dizer muita coisa. Mas a hora chegou. Estou sendo arrebatado, finalmente”, acrescentou, e depois, em voz baixa, como que para si mesmo, cantou suavemente:

A Estrada segue sempre avante/ Da porta onde é seu começo. /Já longe a Estrada vai, constante, /E eu vou por ela sem tropeço, /Seguindo-a com pés ansiosos, /Pois outra estrada vou achar /Onde há encontros numerosos. /Depois? Não posso adivinhar

— J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel.


    Bilbo deixa o anel por si mesmo e demonstra alivio. Ainda que com a ajuda de Gandalf, ele consegue deixar o item de forma bastante honrada. Bilbo parece feliz em partir para uma nova aventura, mesmo que isso signifique virar as costas para o Anel: isso dignifica seu personagem.

    A posterior, quando encontra Frodo em Valfenda, pede para ver o Anel novamente sendo tomado por um desejo sombrio de tê-lo mais uma vez, algo sombrio se apodera dele e torna-o oque não é, mas Bilbo logo se conscientiza de sua ação estranha e lembre; é o próprio quem pede que Frodo guarde o Anel. Veja:

“Ele [o anel] está aqui com você?”, perguntou num cochicho. “Não posso evitar sentir curiosidade, você sabe, depois de tudo o que ouvi. Gostaria muito de só espiá-lo outra vez.” (…) “Bem, eu gostaria de vê-lo só por um momento”, disse Bilbo.

(…) Frodo trouxe-o para fora devagar. Bilbo estendeu a mão. Mas Frodo puxou o Anel de volta depressa. Consternado e admirado, percebeu que não estava mais olhando para Bilbo; uma sombra parecia ter caído entre eles, e, através dela, viu-se encarando uma criaturinha enrugada de rosto faminto e mãos ossudas e tateantes. Sentiu um desejo de bater nele.

A música e a canção em redor deles pareceram fraquejar, e fez-se silêncio. Bilbo olhou rapidamente para o rosto de Frodo e passou a mão pelos olhos. “Agora compreendo”, disse ele. “Guarde-o! Eu lamento: lamento que você tenha assumido esse fardo; lamento por tudo”. (…) “Mas não vamos nos preocupar com isso agora. Vamos a notícias de verdade! Conte-me tudo sobre o Condado!”

Frodo escondeu o Anel, e a sombra se foi, mal deixando um fragmento de lembrança. A luz e a música de Valfenda estavam ao redor dele outra vez. Bilbo sorriu e riu contente com cada notícia do Condado que Frodo soube contar, auxiliado e corrigido por Sam vez por outra, era extremamente interessante para Bilbo (…)

J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis


     E quando Bilbo torna a ver Frodo depois da destruição do Anel, ele não parece tão necessitado do Item como sua versão cinematográfica da trilogia do Anel mostra, no livro ele passa rapidamente para outros tópicos de assunto, como se o Anel não fosse deveras um assunto importante para ele. Veja:

“O que foi feito do meu anel, Frodo, aquele que você levou?”

“Eu o perdi, querido Bilbo”, respondeu Frodo. “Livrei-me dele, você sabe.”

“Que pena!”, disse Bilbo. “Eu gostaria de tê-lo visto mais uma vez. Mas não, que bobagem! Foi para isso que você partiu, não foi: para se livrar dele? Mas é tudo tão confuso, pois tantas outras coisas parecem que se misturaram com isso: os assuntos de Aragorn, o Conselho Branco, Gondor, os Cavaleiros, Sulistas, olifantes, você realmente viu um, Sam? E cavernas, torres, árvores douradas e sabe-se lá o que mais. (...)

(...) Evidentemente voltei de minha viagem por uma estrada demasiado reta. Acho que Gandalf podia ter-me mostrado um pouco da região. Mas aí o leilão teria terminado antes de eu voltar, e eu teria tido ainda mais problemas do que tive. Seja como for, agora é tarde demais; e na verdade creio que é muito mais confortável ficar sentado aqui ouvindo a respeito de tudo. Aqui a lareira é muito aconchegante, a comida é muito boa e há Elfos quando se precisa deles. O que mais se poderia querer?” então começa a cantar;

A Estrada segue sempre avante /Da porta onde é seu começo. /Já longe a Estrada vai, constante /Outros a sigam com apreço! /Comecem já nova jornada, /Mas eu, exausto, em abandono /Me volto para a boa pousada / O meu descanso e o meu sono.”

— J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei


    Perceba que Bilbo termina em O retorno do Rei o verso que cantou em A Sociedade do Anel, mas que começou em O Hobbit:

Estradas sempre avante vão / Por floresta e por solar, / Cruzam gruta e escuridão / E rios que não vão pro mar /Passam por neve e geada / Varam relva e rocha nua / Alcançam de junho a florada / E até as montanhas na lua / Estradas sempre avante vão / Cobrem-nas astros a brilhar / Até que os pés que longe estão / Fazem o retorno ao lar / Olhos que viram fogo e espada / E horror nos salões de pedra /Fitam de novo a terra amada / Colinas onde a hera medra.

J.R.R. Tolkien, O Hobbit.


    E o ponto central da canção, que perpassa 4 livros, eram as aventuras!

    Ele se queixou de que não viu o suficiente em sua aventura, e o desejo de conhecer mais ainda lhe tomava, mas agora como um Hobbit mais velho lhe basta escutar as aventuras dos outros em contentamento e conforto. Bilbo ainda preserva sua parte Bolseiro e Tûk. 

 

O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit
Martin Freeman interpretando Bilbo com o Um Anel

        Bilbo deixou a Pedra Arken, assim como deixou o Um Anel, e deu a Frodo seu colete de Mithril e Sting também (um vale mais que o Condado, e o outro veio da lendária cidade de Gondolin). Evidentemente Bilbo não se importava com itens de grande valor ou poder. Ele gostava de aventura e conforto.

     O Anel é mero adendo, mero MacGuffin. Bilbo, como personagem, existe para além do Item. Bilbo deseja o anel, mas seu caráter volitivo é muito obvio no texto: mesmo quando Bilbo é tentado e pensamos que vai sucumbir as sombras, em seguida ele resiste e prevalece, estando acima do mau do Anel. Sobre o anel:

“‘Gandalf não te disse que os anéis conferem poder de acordo com a medida de cada possuidor? Antes que pudesses usar esse poder precisarias tornar-te muito mais forte e treinar tua vontade (…)’ Diz Galadriel a Frodo.

“‘Gostaria que pegásseis o Anel dele [de Frodo](...) Iríeis fazer com que algumas pessoas pagassem pelo trabalho sujo.” Diz Sam a Galadriel.

“‘Eu iria”, disse ela. “Assim é que começaria. Mas não pararia por aí, ai de vós!

— J.R.R. Tolkien, O Senhor dos Anéis


    Com esse trecho (e outros) eu entendo que o Um Anel de Poder se chama assim por um motivo evidente: confere poder a medida ‘do poder que já se tem e na medida que há cobiça por mais’, podendo corromper as pessoas, a partir das ambições que esta tem.

    Mesmo que a princípio a pessoa diga que usará o anel para “boas ambições”, mesmo uma boa alma de posse do anel, com poder e ambições em grande medida, pode ser levada à corrupção por ele: Por isso Gandalf, Galadriel e outros tantos tinham temor em ter o Anel oferecido a eles.

    Mas tanto Bilbo, quanto qualquer outro hobbit, não são poderosos e não almejam poder, eles são criaturas simples que apreciam a comodidade apenas. E quanto a ambições? Se a maior ambição de Bilbo é algo como “viver aventuras cujo final será irrefutavelmente: e foram felizes para sempre”, fica claro porque o Anel não tinha tanto poder sobre ele.

    Lembre que, ao deixar o Anel, Bilbo avisou Frodo, em carta, para deixá-lo preso na corrente porque o anel tende a mudar de forma, as vezes ficando muito fino que não entra nos dedos ou muito largo e escapulindo: Isto é o Anel não achando seu usuário útil e tentando deixá-lo (o Anel é senciente e tentou deixar Bilbo).

 

O Hobbit, Bilbo Bolseiro e a Jornada do Herói.  Bilbo e a Jornada do Herói. O Hobbit. O Senhor dos Anéis. O Hobbit storytelling. storytelling. O Hobbit resumo. Passos do Herói. O Hobbit livro. J.R.R Tolkien. Jornada do Herói.  O Chamado à Aventura e a Recusa do Chamado. O início da grande aventura, rumo ao desconhecido. metamorfose. Apoteose. Ilustrações Tolkien. Frases de livros. Trechos de livros. O Hobbit frases. Gandalf. Smaug. Bilbo. Thorin. Martin Freeman. Ian Holm. Trilogia Hobbit
Pequeno Bilbo Bolseiro, interpretado por Oscar Strik

    Por que Bilbo não era útil ao Um Anél? Porque Bilbo, um hobbit com ambições utópicas de conto de fadas, não é portador adequado aos desejos nefastos do Anel.

    No fim, como um Portador-do-Anél e pessoa notável, Bilbo [junto a Frodo] recebeu autorização para ir aos Portos Cinzentos e embarcar num navio para As Terras Imortais [para a ilha de Tol Eressëa] junto com outras figuras de grande imponencia [como Gandalf e Elrond], o que por si só é magnânimo para um “pequeno Hobbit num mundo muito grande”, não acha?


Considerações Finais:

     Bilbo só pode pensar de uma forma otimista e utópica, em relação ao final do livro de aventuras que deseja terminar, porque ele é apenas um "Hobbit simples, mas valente". Somando tudo isso ao fato de ter uma personalidade carismática e pró-ativa, faz dele um personagem realmente excepcional.

    Ao final podemos compreender “Bilbo, o Magnífico” (como chamou-o Thranduil) em sua complexidade psicológica, social e ética.

Fim

 

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Bilbo em ilustração original de Tolkien

Dedico essa postagem a queenmorganlafay (no Tumblr e AO3), que me instigou a escrever essa análise de personagem. Escrever tudo isso se deve ao fato de que Bilbo é meu personagem favorito (do universo Tolkien) e torna-se difícil parar de falar/escrever sobre um personagem pelo qual tenho apreço.

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2 comentários:

  1. Oi Anne, adorei sua análise tão detalhada. Eu só conheço Bilbo pelos filmes, por causa do Martin Freeman, e depois de ler sua postagem fiquei com uma vontade enorme de rever a trilogia prestando mais atenção aos detalhes da jornada e evolução dele. Também preciso assistir Senhor dos Anéis um dia. Apesar de gostar de fantasia, não consegui me apaixonar pela história. Ainda não sei se vou ler, mas confesso que tenho vontade. Talvez até faça isso ao invés de assistir os filmes.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

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    Respostas
    1. Oi, Helaina!!
      Pois é, muitas vezes tenho vontade de reassistir ambas as trilogia (Hobbit e Senhor dos Anéis), por outro lado ambas são bem loooongas e nem sempre dispomos de tempo. Os livros do Tolkien também tendem a ser descritivos por demais em alguns pontos, e sei que tem leitores que preferem algo mais dinâmico. Fora que fantasia pode não ser o gênero literário favorito do leitor.

      É muito bom conhecer novas histórias/estórias, mas é preciso lembrar de se divertir com elas e respeitar os próprios gostos. Se/quando você for ler/assistir, espero que seja um bom entretenimento. Se não, há muito pra desbravar no universo literário e cinematográfico! Siga seu coração ❤️

      P.s: sim. Curiosamente Martin Freeman está nas adaptações de livros que mais amo, O Hobbit, Mochileiro das galáxias, Sherlock Holmes.
      E eu gosto da atuação dele, acho que ele dá um toque especial a personagens também "muito britânicos", não querendo estereotipar, mas sei lá, acho que encaixa nesses personagens a ideia de: muito chá, pontualidade, apego a rotina, "polite", só que sarcásticos, e sempre arrastados pra situações nada convenientes, mas eles se viram com seu próprio jeitinho, e quem disse que eles não fazem a diferença? E vira uma boa aventura a ser desbravada por eles e assistida por nós, hahaha ❤️

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