[RESENHA] Os Miseráveis


Os Miseráveis. Victor Hugo. Resenha de Os Miseráveis. Livros. Clássicos da Literatura. Resumo Os Miseráveis. Capítulos Os Miseráveis. Digressão os Miseráveis. Fantine. Jean Valjean. Cosette. Marius. Idílio da Rua Plumet e epopeia da Rua Saint-Denis. Amigos do ABC. Les amis de L'ABC. Os Miseráveis livro.

   Resenha: Os Miseráveis

 FICHA TÉCNICA

Título: Os Miseráveis

Autor: Victor Hugo

Ano de publicação: 1862 (França)

Páginas:1912 

 

Esta resenha NÃO possui spoilers.

  

OS MISERÁVEIS 

SOBRE O QUE É ESTE LIVRO:

    Um clássico da literatura mundial, esta obra de Victor Hugo ganhou o mundo com diversas adaptações para cinema e teatro, mas nada melhor do que ler. Trata-se de uma poderosa denúncia a todos os tipos de injustiça e miséria humana. Narra a emocionante história de Jean Valjean, personagem central da narrativa que, por ter roubado um pão, é condenado a dezenove anos de prisão. A partir disso a trama trará diversos outros personagens cujos quais se entrelaçarão aos caminhos de Jean Valjean.

 

Os Miseráveis. Victor Hugo. Resenha de Os Miseráveis. Livros. Clássicos da Literatura. Resumo Os Miseráveis. Capítulos Os Miseráveis. Digressão os Miseráveis. Fantine. Jean Valjean. Cosette. Marius. Idílio da Rua Plumet e epopeia da Rua Saint-Denis. Amigos do ABC. Les amis de L'ABC. Os Miseráveis livro.

A Liberdade guiando o povo

    É um livro inquietante e envolvente porque mescla situações dramáticas de impacto, é uma crítica épica a aspectos religiosos, políticos, econômicos e socioculturais da frança do séc XIX, porém que são ainda muito percebidos na nossa sociedade contemporânea. 

     Os Miseráveis conta uma apaixonante história de sonhos feitos e desfeitos, de sacrifícios, amores, dissabores, lutas, martírios e redenção, num testemunho da sobrevivência humana frente a iniquidades e adversidades. Por isso, seus personagens são tão dolorosamente reais que torna impossível não se envolver com eles e suas tramas ao longo do livro.

    POR QUE DEVES LER ESTE LIVRO?
Os Miseráveis. Victor Hugo. Resenha de Os Miseráveis. Livros. Clássicos da Literatura. Resumo Os Miseráveis. Capítulos Os Miseráveis. Digressão os Miseráveis. Fantine. Jean Valjean. Cosette. Marius. Idílio da Rua Plumet e epopeia da Rua Saint-Denis. Amigos do ABC. Les amis de L'ABC. Os Miseráveis livro.
Victor Hugo

 Victor Hugo narra, com sensibilidade e poesia (remontando a era romântica da literatura francesa), as principais mazelas sociais da histórica França no séc XIX. Porém sua forma de expor tais mazelas sociais não se mantêm no passado visto que os problemas daquele tempo ainda são de acontecimento cotidiano mundo a fora, em várias sociedades, atualmente.


   (…) enquanto os três problemas do século - a degradação do homem pelo proletariado, a prostituição da mulher pela fome, e a atrofia da criança pela ignorância - não forem resolvidos; enquanto houver lugares onde seja possível a asfixia social, em outras palavras e de um ponto de vista mais amplo ainda, enquanto sobre a terra houver ignorância e miséria, livros como este não serão inúteis.”

- Victor Hugo, Os Miseráveis.

    Mediante enredo Hugo emociona a todos, bem como a obra ultrapassa a ficção considerando que o conteúdo educa ao estabelecer a sociedade como principal produtora e mantenedora de misérias (tais quais podem contribuir para levar o ser humano a deslealdade, impiedade, ganancia, blasfêmia, violência e maldades diversas), revela que uma sociedade injusta, como a que vemos no livro, tem mais probabilidade de criar individuos desgraçados e miseráveis. 

    Uma sociedade forjada na educação, cidadania, virtude, equidade, liberdade, honestidade, piedade, dignidade e compaixão é o sonho que se espera de uma civilização, enquanto que o livro mostra uma sociedade que trás exemplos opostos, mas cujo qual existem individuos/ personagens que se distinguem dos demais, sendo eles capazes de demonstrar valores morais elevados. Dessa forma Hugo consegue falar de miséria, mas também de ideal.

    Algumas pessoas acusam o livro de ser 'irrealístico' porque pensam que alguns personagens, como o Bispo de Digne e Jean Valjean, se tornam/são perfeitos demais. Mas creio que o autor fez isso de propósito, usando ambos como modelo ideal do que um ser humano deveria ser/se tornar. 

   

“O livro que o leitor tem neste momento diante dos olhos é, do princípio ao fim, no seu conjunto e nos seus pormenores, quaisquer que sejam as intermitências, as exceções ou as fraquezas, a marcha do mal para o bem, do injusto para o justo, do falso para o verdadeiro, da noite para o dia, do apetite para a consciência, da podridão para a vida, da bestialidade para o dever, do inferno para o céu, do nada para Deus. Ponto de partida: a matéria. Ponto de chegada: a alma. Hidra no principio, anjo no fim”.

- Victor Hugo, Os Miseráveis.


 

  

Em que ano se passa Os Miseráveis?

    Não cometa a gafe de dizer que o livro se passa na Revolução Francesa. Os Miseráveis se passa durante a Restauração Francesa, a trama ocorre entre os anos 1815 a 1832. Ou seja, o livro se passa depois da Revolução Francesa...

    Então vamos recapitular e resumir: A Revolução Francesa ocorreu por conta da enorme desigualdade social e econômica, que fez o povo [camponeses, proletariados das cidades, os pobres, as mulheres, os mendigos, doentes e miseráveis] e os burgueses [donos de meios de produção, fabricas, industrias, comércio, bancos] se unirem para se opor a monarquia absolutista, a nobreza e o clero/ igreja [que mandavam na França].

    A Revolução Francesa conseguiu, depois de muito sangue e conflitos, derrubar a monarquia e seus privilégios aristocráticos, bem como enfraquecer os poderes da igreja. Também trouxe mais direitos sociais e delineou conceitos de liberdade individual, liberdade de expressão, liberdade de imprensa, e liberdade religiosa, vistas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e nas palavras “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, lema da Revolução. [Isso não significa que foi essa maravilha toda, pois, além do sangue derramado, tais direitos não contemplava a todos não. Por exemplo; as mulheres não eram contempladas por esse direito do HOMEM].

    Porém, ao término da Revolução Francesa, substituiu-se o rei por um imperador; Napoleão Bonaparte, que deu um golpe e se manteve como estadista entre 1804 a 1814. 

 

    Obviamente que as outras monarquias da Europa não ficaram felizes com a Revolução Francesa, que quilhotinou e perseguiu reis e nobres, bem como qualquer um que fosse contra a Revolução [atemorizando outros monarcas Europeus, pois "vai que a moda pega?", não é?) e depois tiveram mais motivos para não gostar  da ascensão de Napoleão como Imperador da França, que decidiu expandir território e confrontar outros países da Europa. Outras monarquias européias estavam "loucas para acabar com tudo isso que tava acontecendo na França". E conseguiram...

 

     Sendo que em 1815, Napoleão fracassou na batalha de Waterloo, onde as forças da Coalizão [conjunto de diversas monarquias europeias que se uniram contra a França Pós-Revolução, bem como contra a França Imperialista, e tinham como intuito restaurar a monarquia na França, colocando Luís XVIII no trono], fizeram Napoleão abdicar.

    Assim um monarca voltou ao poder na França, daí esse período ser chamado de “Restauração Francesa” [da monarquia]. Mas dessa vez não era uma Monarquia Absolutista e sim uma Monarquia Constitucional, ou seja, o rei não podia mandar em tudo como bem desejasse, tinha que seguir uma constituição e tinha limitações em seu poder. Nessa época o Clero/ Igreja, também conseguiu de volta parte de seu poder.


    Desta maneira, em 1815, um rei voltou a ocupar um trono na França. O sucessor de Luís XVIII foi Carlos X, por seis anos. Até que ele tentou reestabelecer o regime da época anterior a Revolução e restringir a imprensa, o que rendeu a Rebelião de 1830 que substituiu o rei Carlos X pelo rei Luís Filipe III [considerado rei burgues].


    Isso satisfez tanto os monarquistas e nobres quanto os burgueses, que entraram "em consenso", porém o povo, camponeses, proletariados, os pobres e os miseráveis, continuaram sem voz, bem como aqueles que na Revolução Francesa desejavam ver a França como República viram seus planos malogrados mais uma vez, primeiro por Napoleão que se transformou em imperador, e agora novamente com a restauração da monarquia. 

 

    É neste período que se passa o livro Os Miseráveis, trazendo em cena os miseráveis do povo, e também pequenas agitações civis de revolucionários pró-república, ou seja, desejavam uma forma de governo onde o povo é soberano e o estado deve atender os interesses comuns ao povo, e não dos nobres ou burgueses.

 

    O QUE EU ACHEI

    Não se deve esperar: um conto de fadas feliz ou uma fuga da realidade (oque livros de fantasia costumam proporcionar). Não espere nada disso num livro cujo título é sobre miséria.

    Então qual é o encanto deste livro? Por que muitos o tem como favorito da vida? A resposta está na forma como o autor abordará tais misérias e as relacionará a diversas temáticas, sociais, religiosas, políticas, familiares, legalidade e ilegalidade, certo e errado, pautas humanas sobre moralidade (ou a falta dela) em meio a adversidade.

Somos todos miseráveis?

    O mais incrível é como Victor Hugo pega personagens periféricos e tidos como "à margem da sociedade", mulheres miseráveis, homens miseráveis, crianças miseráveis, velhos e jovens miseráveis e os transforma em protagonistas, fazendo o leitor ver a vida e o mundo pelos olhos deles.

    E sim, há muitos miseráveis nesse livro. Miséria que aflige o financeiro, tanto quanto aquela que aflige a alma e o bom-senso. E personagens, cada um deles, são brilhantemente trabalhados. É, de fato, um grande livro reflexivo e crítico em todos os sentidos. Dificilmente você sairá desta leitura como começou.

    ESTRUTURA E COMO LER ESSE LIVRO, DICAS

    1) O livro é dividido em cinco grandes "partes" (1- Fantine/ 2- Cosette/ 3- Marius/ 4- Idílio da Rua Plumet e epopeia da Rua Saint-Denis/ e 5- Jean Valjean).

A parte 1 é a grande introdução desta história trazendo personagens memoráveis cujas ações terão impacto ao longo de todo o livro.

A parte 2 mantêm alguns dos personagens da primeira parte, dando-nos a sequencia de tramas e seus desenvolvimentos.

A parte 3 terá um salto de tempo, onde muitos novos personagens serão acrescidos na narrativa, mas calma que cada um deles será explicado e suas tramas se articularão com a dos personagens já conhecidos nas duas primeiras partes.

A parte 4 é o ápice e trará a articulação de muitas tramas, romance e batalhas nas barricadas.

A parte 5, ultima, trará a conclusão de todo o livro, fechando as narrativas reflexivas e de personagens e suas tramas.

    DICA: Você pode ler cada um dessas partes no seu tempo, respeite-se, leve o tempo que precisar pra compreensão das reflexões que cada parte proporciona, vá devagar. O objetivo não é terminar o livro o quanto antes, e sim compreender oque o autor quer que você aprenda em cada uma das partes.

    2) Há dois tipos de capítulos: 

a) os de "enredo": onde o autor trabalhará os personagens e suas tramas.

b) e os capítulos de "Digressão": onde o autor vai divagar sobre aspectos antropológicos, históricos, sociológicos, e geográficos que se relacionarão com a trama. Esses capítulos são mais pedantes, verdade, mas são também importantes para uma compreensão geral do que o autor quer nos ensinar. Tenha paciência com esses capítulos, muitas vezes o autor se estende demais neles, e os coloca justamente em momentos que queremos saber o que acontecerá na trama, fazendo-nos não gostar tanto deles. Mas respire fundo e leia-os mesmo assim.

    3) É uma leitura densa em muitos momentos, por vezes penosa e arrastada, onde exigirá de você um repertório; tanto em termos de já ser um leitor assíduo (afinal são mais de 1.500 páginas, não é para leitores iniciantes) quanto repertório linguístico (o livro pode ter um linguajar "rebuscado" para alguns). Também tenha em mente que, pelo autor ser frances, irá ser um tanto quanto que bajulador de sua pátria em alguns muitos trechos.

    4) Também é necessário repertório de problemas sociais (afinal é um livro de 1862 cujo qual tem por objetivo desvelar mazelas da sociedade francesa, que infelizmente são visíveis até hoje em muitas sociedades mundo a fora, por isso é um clássico tão atual e atemporal) E pra melhor se relacionar com o livro nada melhor que já ter "bagagem de vida e estudo" pra entender os principais problemas sociais abordados.

    Tem muita coisa pra refletir e pensar nas entrelinhas de cada capítulo, esse livro é algo profundo.

  

  DICA: Não se assuste, é um livro grande, mas há muito de emocionante nessa saga. Há muitos personagens, cujas tramas irão se entrelaçar. Parece uma grande novela ou série. O desejo de saber o destino de cada um dos personagens (mesmo aqueles mais coadjuvantes) me fez ficar grudada nas páginas até o final (além de tudo oque Victor Hugo me ensinou e me fez refletir).


   EM CONCLUSÃO
Os Miseráveis. Victor Hugo. Resenha de Os Miseráveis. Livros. Clássicos da Literatura. Resumo Os Miseráveis. Capítulos Os Miseráveis. Digressão os Miseráveis. Fantine. Jean Valjean. Cosette. Marius. Idílio da Rua Plumet e epopeia da Rua Saint-Denis. Amigos do ABC. Les amis de L'ABC. Os Miseráveis livro.
Cosette

    Aprendi muitas coisas com esse livro, mas oque ficou no coração foi: Que muito embora eu não seja responsável pelas escolhas individuais de cada um, sou responsável por ser conivente com uma sociedade que permite que mazelas e situações deploráveis ocorram com indivíduos em situação de carência, não é um problema individual é um problema coletivo.     

    Achei muito interessante como o livro consegue exaltar a fé cristã, com diversas mensagens sobre o amor ao próximo, piedade e compaixão. E ainda sim criticar privilégios do clero/ igreja, bem como demonstrar como pessoas, sejam chefes religiosos ou crentes, muitas vezes são hipócritas ao usar religião apenas para aquilo que lhes interessa, ignorando princípios básicos de harmonia, paciência, humildade, altruísmo e empatia, em relação ao próximo.

    Bem como achei elucidativo como o autor não isenta os personagens de qualquer erro, ele não vai dizer que Jean Valjean estava certo ao roubar o pão, mas vai expor que, em geral, os menos favorecidos são as principais vitimas de um sistema social, economico e político infausto. O livro é congruente em mostrar que um malfeitor é um mal que ameaça os outros indivíduos (vemos isso na figura do Sr. Thenardier), mas que uma gestão pública defasada com um sistema político e socioeconomico que alimenta desigualdades é um mal ainda maior porque ameaça a comunidade como um todo, em todas as suas camadas e classes.

    Refleti bastante sobre estigma social, e de como nossos pré-conceitos podem nos impedir de ver as pessoas pelo que elas realmente são, ou mesmo que categorizar as pessoas como “isso” ou “aquilo” nos impede de ver como as pessoas são maleáveis ao longo da vida, sendo aterrador e improprio deixar nossos pré-conceitos guiar nosso juízo em relação ao caráter e vida dos outros. 

    O livro também me fez pensar sobre como a sociedade é preconceituosa, ignorante e julgadora, não dando segundas chances e não se preocupando em se instruir nas coisas que não sabe. E como a sociedade mantêm muitos desses preconceitos enraizados culturalmente por falta de educação, e falta de valores sociais e familiares melhores. Sendo a tomada de consciência, o respeito e politicas públicas na área da educação e cidadania a única saída viável para lutar contra tais absurdos.

    Também aprendi que não importa a situação ou adversidades não podemos perder nosso senso ético, nossos princípios. E mais que tudo, que miseráveis não são apenas aqueles em situação financeira ruim, mas também é miserável aquele que não tem fé, que não tem esperança, aquele que não tem pelo que lutar e morrer por, aquele que não tem amor (Seja amor de outrem em relação a você, seja amor próprio, seja seu amor para com o próximo).

    Esse livro é inesquecível!

    Após o término da leitura, fechando a última página, olhei para a parede por cinco segundos tentando mensurar tudo oque estava sentindo. Essa é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores leitura que já realizei em toda a minha (curta) vida. E julgo que, provavelmente, será dificílimo encontrar algo melhor que isso.

    O mundo deveria estar dividido entre as pessoas que já leram esse livro (integralmente) e os que ainda não leram. É um divisor de águas na vida de muitos, quando se compreende a proposta do livro. Por isso é um dos melhores livros que já li!!!

 

Fiz um Fichamento SEM SPOILERS com  as Frases Mais Marcantes desse livro bem AQUI

    

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